terça-feira

Precisa-se de matéria prima !!!

Precisa-se de matéria prima para construir um País

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.

Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.

Onde
não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.

Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.

Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.

Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! ´
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO. E você, o que pensa?

.... MEDITE!

quinta-feira

Tempos de antigamente - BUFOS

Margarida Moreira, Directora Regional de Educação do Norte, ordenou a abertura de um processo disciplinar a Fernando Charrua, o professor, ex-deputado do PSD e marido da vereadora da Educação da Câmara do Porto, Matilde Alves, por ter feito comentários insultuosos sobre José Sócrates e a sua licenciatura. Não satisfeita, accionou um inquérito no Ministério Público ao encaminhar o auto da denúncia que recebeu. A atitude desencadeou acesas críticas na opinião pública".

Não sei onde está a verdade, será dita uma frase que a todos nós faria fazer ferver o sangue, e que só por si daria de imediato direito a um belo par de estalos, ou se foi puramente dito uma anedota jocosa sobre a licenciatura do "Eng.º Sócrates".
Mais grave do que se terá passado, no meu entender, foi o voltar ao tempo dos BUFOS, que nos fazem lembrar tempos que julgávamos passados, e que dizer de uma Directora Regional de Educação, que se coloca na posição de uma verdadeira lambe botas só para manter o seu lugar.
Num País onde o Primeiro Ministro mente descaradamente a todos os Portugueses, que o Ministro da Saúde segue o mesmo trajecto, que o Ministro das Obras Públicas brinca com a licenciatura do seu chefe, pergunto se efectivamente somos ou não uma País de bananas governados com Doutorados em propaganda política e mentiras?
Quanto aos Jornais, Santo Deus, que rica bosta no que se estão a tornar, as notícias emitidas contradizem-se com uma insensatez perversa, o autismo e a arrogância com que este Primeiro Ministro trata todos, inclusive os do seu partido, leva-nos a interrogar para onde vamos?

PS: Se este meu comentário for lido por um BUFO, é natural que um qualquer Ministro active a cadeia de PENICHE, o que desde já afirmo, que seria uma grande Honra.

quarta-feira

terça-feira

Passeio para esquecer ?

Foi assim que tudo começou, inscrevi-me eu e a Sílvia num passeio que a Associação dos Amigos de Albufeira levava a efeito às Aldeias Históricas de Portugal.Depois de termos corrido diversas Aldeias, chegamos à Aldeia da Sortelha, armado em descobridor, subi a um monte com a pretensão de chegar a um belo varandim colocado no alto do monte, com alguma dificuldade é certo, mas consegui subir, a descida já foi feita com alguma dificuldade, pois tinha começado a chover e o terreno estava escorregadio.Já no final, depois de saltar de rocha em rocha, encostei-me a uma escorreguei e cai, a chuva podia ser uma boa desculpa, mas a asneira foi toda minha, pois não levei em conta o estado do terreno e os meus 106 kg, claro que quando cai tive logo a certeza que algo de ruim tinha acontecido ao meu pé!!!Esperei que alguns colegas do passeio chegassem e me dessem uma ajudinha colocar-me em pé, o que já não foi fácil, rapidamente conseguiram que um habitante local me desse boleia até ao autocarro, onde se tomou a decisão de ir directamente para o hotel, pesou na consideração o não chamar os bombeiros ou o 112, pois daquele local o destino seria o Hospital da Guarda, o que para a Sílvia seria uma grande trapalhada, até ao momento não faço ideia se foi a melhor decisão.Já perto do Hotel foi contactado o 112, pelo que pouco tempo depois da minha chegada, a ambulância chegou, foi relativamente rápido.Hospital da Covilhã: Pareceu-me ter bom aspecto, o rastreio foi relativamente rápido, talvez por as urgências estarem quase vazias. Estive sim, demasiado tempo para ser visto pelo Médico Ortopedista, que por sinal era Croata e coxo, pois tinha sido atropelado por uma colega no recinto do Hospital, tiradas as radiografias, confirmou-se que tinha uma fractura bastante grave no tornozelo.O médico que me achou com cara de pessoa inteligente, colocou-me a seguinte questão: era internado e provavelmente estaria quatro a cinco dias à espera que o inchaço do pé baixasse, pois no seu entender o inchaço não permitia a operação de imediato, ou como era de longe aguardaria que a minha família me pudesse vir buscar. Optei pela segunda via por julgar ser a mais cómoda para a família, assim regressei ao Hotel com a perna e o pé enfeitado por uma bela tala de gesso.Hotel: Aqui começou o inferno, para me mexer ainda que acompanhado por uma canadiana comprada numa farmácia local, os Amigos que ansiosamente me esperavam, lá se prestaram a ajudar a minha caminhada, foi um autêntico feito andar aqueles 50 a 100 metros, não consegui chegar ao restaurante, fiquei sentado no bar, a fome também não era muita, lá comi meia tosta e uma cerveja. Se tinha sido um inferno chegar até ali, o que dizer para chegar ao quarto, foi uma aventura e um grande esforço para quem me acompanhou nessa tarefa.Lá consegui suportar as dores e esperar pelo dia seguinte, entretanto já tinha tomado a decisão de ir novamente ao Hospital, fazer o internamento, e esperar pela operação.Hospital da Covilhã: Tornei a repetir toda a panóplia das medidas de rastreio, e depois de longo tempo de espera fui atendido pelo Director do Serviço de Ortopedia, transmiti-lhe que tinha reflectido e que tinha tomado a decisão de ser internado e operado no respectivo hospital, conforme o Médico Croata me tinha sugerido, pois não me encontrava em condições de fazer a viagem.Director do Serviço de Ortopedia: de imediato a sua reacção foi que era impossível o internamento, teria que ir para o Hospital da minha área de residência. Perguntei-lhe qual a razão, e o esclarecimento foi que os Hospitais tinham o seu orçamento, e por isso teria sempre que me enviar para Faro.Depois de um tal esclarecimento, onde o controlo de custos se impôs às decisões médicas, a minha pergunta foi simples: Como faria a deslocação? Aconselhou-me a contactar uma ambulância para me deslocar, como já estava a ficar com o feitio azedo, perguntei, então caro Doutor, se por acaso fosse familiar do nosso primeiro ministro, o Sr. já teria dado ordem para o Helicóptero aquecer os motores, e esqueceria simplesmente os custos. Ficou apreensivo, pensou, e repensou, acabou por decidir ser o Hospital a requisitar uma ambulância, mas a Sílvia, minha mulher, teria que se deslocar por sua conta a não ser que os Bombeiros permitissem o seu transporte, ao falar com os Bombeiros, a resposta inverteu-se, teria que ser o Sr. Director a dar autorização.Conclusão: Como o responsável dos serviços já devia estar farto da minha presença, a custo lá autorizou a que a Sílvia se deslocasse na mesma ambulância, o receio que eu ainda lhe estragasse o orçamento do mês deve ter pesado na sua consciência.
Infelizmente a “economicite” aguda está toldar as decisões daqueles que deveriam ser verdadeiros responsáveis em áreas como a saúde, os custos não podem nem devem ser superiores aos interesses do cidadão.
A Constituição não é cumprida, e a corrupção social é um facto, é esta a herança que um Governo que se diz socialista, está a implementar na nossa sociedade.Viagem até Faro: Foi feita normalmente, vim todo o tempo deitado sujeito a uma verdadeira massagem global tal era a trepidação, pensei seriamente se iríamos chegar inteiros ao Algarve, eram dois rapazes novos, a ambulância coitadinha era das velhotas, enfim não se pode ter tudo. Após uma pequena paragem em Abrantes para almoçar, os Bombeiros e a Sílvia lá foram comer umas boas “queixadas de porco”, eu fiquei na ambulância juntamente com um pacote de bolachas.A viagem foi relativamente rápida e por volta das 17:00, chegava-mos ao final da viagem, de novo era entregue aos serviços de Urgência, desta vez do Hospital de Faro, iria começar pois o suplício.

segunda-feira

UM POVO QUE NUNCA MUDA


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro [.]Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. [.]A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos [.] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, [.] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.


GUERRA JUNQUEIRO, "Pátria", 1896.

terça-feira

13 de Maio, 39 anos depois !!!

É verdade, faz neste dia 39 longos anos que cheguei a Lisboa, regressado da guerra de Angola, onde permaneci dois longos anos.A data de 13 Maio ficou para sempre marcada em minha casa, a minha querida Mãe não deixava passar esta data em vão, tinha sempre uma prenda para me dar, era uma forma carinhosa de celebrar o dia da chegada do seu querido filho de terras de Angola.Por volta do meio-dia, avistamos terra pela primeira vez desde que saímos da Baía de Luanda, O “Uige” foi o navio que nos trouxe. Quando entrou na Baía de Cascais quase adornava a “bombordo”, passou-se ainda um mau bocado, pois não era fácil pedir aos militares que se distribuíssem pelo navio, tal era a ânsia de ver a costa e de poder avistar já na doca os seus familiares, noivas e amigos, tal foi a situação criada, que o Diário de Notícia na manhã do dia seguinte fez notícia na 1ª página com o título: “A Saudade Fez Adornar o Barco, chegou ontem o UIGE com tropas que cumpriram a sua comissão de serviço no Ultramar. Quando o navio se preparava para encostar ao cais, os soldados na esperança de avistarem os seus familiares que os aguardavam aglomeram-se todos a bombordo fazendo adornar o navio”.Por volta das cinco horas da tarde iniciou-se o desembarque na doca da Rocha de Conde de Óbidos, ainda que muitos no auge da sua alegria não tenham percebido, os primeiros a sair foram as urnas de alguns camaradas caídos em terras de Angola, que eu insisto em dizer que nunca os ESQUECEREI.Foi uma situação de ternura e ansiedade, e talvez mesmo de algum gozover toda a rapaziada desde o simples militar a outras patentes a “vasculhar” com o olhar o horizonte, como não podia deixar de ser, também fui dos que ansiosamente espreitou. Os pedidos dos militares para os ajudar a encontrar os seus era quase patético, ao tentar ajuda-los, acabei por descobrir os meus, talvez nesse momento algo tenha acontecido, o tempo deve ter parado, as lágrimas correram-me pelos olhos, e pela minha mente, ainda que rapidamente, percebi quanto doloroso tinha sido ter perdido dois anos da minha vida, vieram-me, ainda que inconscientemente, as caras daqueles que infelizmente vi tombar naquele período.Acho que quando sai do barco, não era o mesmo, ainda hoje não compreendo tal situação, o filme desenrolava-se como à dois anos atrás, só que agora as lágrimas eram de Alegria, a sensação de ter deixado os meus Pais com o coração apertado, tinha desaparecido, estava de volta, vestia outra couraça para enfrentar a vida. Sem ainda não ter consciência, era OUTRO.

quarta-feira

Música para a Rapaziada

Para ajudar a recuperar os dias perdidos no Hospital, aqui vai música enquanto a prosa não chega. Para já o meu obrigado a todos que se interessaram pelo meu estado, e me ajudaram com a sua Amizade na recuperação.