sexta-feira

Lavrar o mar

Antes que o tempo
se derrame todo por aí
ainda tenho de lavrar o mar
para plantar sonhos novos
na espuma fértil das ondas.

E depois
quando o verde inefável dos seus caules
romper do azul das águas
e a pigmentação dos poentes
amadurecer os frutos de sol
irei colhê-los devagarinho um a um

Com eles hei-de tecer
amanheceres translúcidos e serenos
como medusas no fundo do mar.
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