quarta-feira

Pintura e Poemas, já saiu de casa.


Todos os poemas não são só feitos de letras, que o poeta com ardor escrevinha no papel, mas o verdadeiro poema, esse está sempre nas folhas que ficarão em branco. Quando se pinta, é como se o artista escrevesse uma poesia, que se acompanha, e que se vê no horizonte da sua criação.
PINTURA E POEMAS, representa im intenso trablho do autor, foram-lhe dadas asas para voar, agora que deixou o ninho, vai aprender a voar, já não é só meu, é de todos que o queiram como companhia.

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quinta-feira

É avante Portugueses



Viva a Maria da Fonte
Com as pistolas na mão
Para matar os CABRÕES !
Que são falsos à Nação.

segunda-feira

Srs. Governantes de Portugal,

Sou uma técnica administrativa, de uma empresa pública de transportes da área metropolitana de Lisboa (que está prestes a ser destruída), sou possivelmente uma candidata séria ao desemprego, pois aquilo que está previsto para esta área é bastante preocupante. Aufiro um vencimento que ronda os 1100€ (líquido), tenho 36 anos e “visto a camisola” da minha empresa desde os 19 anos.
Tenho o 12º ano de escolaridade, porque na época em que estudava os meus pais, que queriam o melhor para mim, não tinham possibilidade de me pagar uma universidade, por isso tive de ingressar cedo no mercado de trabalho, investi na minha formação e tirei alguns cursos para evoluir, continuo a ambicionar tirar um curso superior. Pensava efectuar provas no próximo ano, para tentar ingressar numa universidade pública, faria um sacrifício para pagar as propinas (talvez com o dinheiro que recebesse do IRS, conseguisse pagá-las), mas realizaria um sonho antigo.
Comprei casa há uns anos (cerca de 7 anos), consciente de que conseguia pagar a dívida que estava a contrair, nessa altura era possível e de acordo com a lógica de evolução das coisas, a minha vida melhoraria gradualmente, este era o meu pensamento e julgo que partilhado pela maioria dos portugueses. Não vivo, nem nunca vivi acima das minhas possibilidades. Tenho um carro de 1996, porque sou contra o endividamento e achei sempre que não podia dar-me ao luxo de ter um carro melhor, confesso que já me custa conduzir aquela lata velha, mas peço todos os dias para que não me deixe ficar mal, esse carro foi comprado a pronto, custou-me cerca de 1.000€, que paguei com um subsídio de férias ou de natal, direito alienável de qualquer trabalhador. Esses subsídios permitem-me pagar o condomínio, os seguros de carro e casa, o IMI ou outras despesas extra com as quais não estou a contar (como por exemplo a oficina, quando a lata velha resolve avariar).
Até hoje paguei sempre as minhas contas a tempo e horas. Tenho um cartão de crédito que a banca me ofereceu, mas que nunca utilizo, porque sou consciente dos juros exorbitantes que são cobrados e tenho exemplos de que não se deve gastar o que não se tem. Não pago qualquer prestação para além da casa, se não tiver dinheiro, não efectuo a compra. Isto tudo para dizer, que não devo, nem nunca devi nada a ninguém. Pago todos os meus impostos, portagens, saúde, alimentação, água, luz, gás, gasolina, etc. Não tenho filhos, e hoje dou graças a deus, porque não sei em que condições viveriam se os tivesse.
Esta pequena introdução sobre a história da minha vida, que acho que não interessa a ninguém, mas apenas a mim, serve para que percebam a minha realidade, que certamente é a realidade de milhares de portugueses, haverá uns em situação muito pior e alguns em situação bem melhor. Mas posso servir bem, como um pequeno exemplo ilustrativo, para aqueles que governam um país, que por acaso tem pessoas, algo que me parece muitas vezes ser esquecido.
É esta a minha forma de demonstrar a minha indignação perante alguns comentários efectuados por alguns de vós e tendo em conta a actual situação do nosso país. Aproveitando também para lhes pedir alguns esclarecimentos.
Eu já ouvi o primeiro-ministro português, dizer que não sente que tem de pedir desculpas aos portugueses, pelo défice e pela dívida, mas pergunto Sr. Primeiro-ministro, sou eu que tenho de pedir desculpas, por um orçamento de estado herdado do governo anterior, que sem a sua ajuda não teria sido aprovado, ou já se esqueceu desse pormenor? Desde essa altura, portanto, desde o início deste ano, que vejo o meu vencimento reduzido em 5% e que contribuo mais que os outros portugueses, para o equilíbrio das contas públicas e para o défice. Sim, porque ao que me parece, eu e todos os funcionários públicos, que têm o azar de trabalhar para o estado, ou na máquina do mesmo, são mais portugueses do que os outros. Não sei se eles se contentariam em receber uma medalha, pela parte que me toca, dispenso essa honra, pois isso contribuiria para o agravamento da despesa, por isso não se incomodem, prefiro que poupem esse dinheiro e me continuem a pagar os subsídios a que tenho direito.
Direito, Estado de Direito… Neste momento e em Portugal, não consigo descortinar o que isso é, até porque a legislação e constituição têm sido ajustadas à medida, de acordo com os interesses em vigor, pois se assim não fosse, teria sido inconstitucional a redução do meu salário, bem como seria impossível, cortarem-me o subsídio de natal e de férias nos próximos dois anos, peço que me esclareçam também nestes pontos, pois existem muitas coisas que não estou a perceber, acredite, que não sou assim tão ignorante.
Outra coisa que me faz alguma confusão, é ouvi-lo dizer que o orçamento é seu, mas o défice não… Pergunto Sr. Primeiro-ministro, o défice é meu? O défice é dos trabalhadores portugueses, mas não é seu? O Sr. porventura não é português? Não contribuiu em nada para a situação em que nos encontramos? Há qualquer coisa aqui que não bate certo.
Agora aquilo que mais me transtorna é pedirem ainda mais sacrifícios ao povo português e terem a ousadia de dizer que (sobretudo) o povo vive acima das suas possibilidades. Como já tive oportunidade de demonstrar a minha realidade, acho que não preciso voltar a explicar a minha forma de viver e a “ginástica” que tenho de fazer com meu vencimento para conseguir pagar as minhas contas e ainda assim sobreviver. Nem consigo imaginar, como farão famílias inteiras, que apenas recebem o ordenado mínimo nacional, é para mim um exercício difícil, apenas me posso compadecer, pela situação miserável em que devem estar a viver e dar-lhes também voz, nesta minha missiva.
Por isso, posso garantir que pela parte que me toca, não vivo acima das minhas possibilidades, mas certamente, que o Estado português e as empresas públicas, estão a viver acima das possibilidades de todos os trabalhadores portugueses. Apesar de relativamente a este assunto ainda não o ter ouvido dizer que iam haver cortes, ou os poucos que referiu, ainda não me conseguiram convencer… Dou-lhe alguns exemplos práticos, para que perceba e qualquer leigo no assunto também…
Vou referir-me a todos os que ocupam cargos relevantes na nossa sociedade, são eles os administradores de empresas, os directores, os autarcas, os deputados, ministros, assessores, vogais, etc. Todos eles e vocês auferem vencimentos superiores ao meu e da maioria dos trabalhadores, vamos supor que ganham entre os 2.000€ e os 10.000€ mensais, sabemos bem que estas contas não são as reais e que os valores são bem superiores, nalguns casos, mas para demonstrar o que pretendo, podemos usar estes valores como base.
Tudo o que vou descrever abaixo, é a realidade do meu país e da vossa má gestão enquanto governo. Não vos dei o meu voto, nem a todos os que passaram por aí desde o 25 de Abril de 1975. Apesar de concordar com os princípios básicos da democracia, há muito que deixei de acreditar que vivia numa. Isto não é democracia, em democracia, também se ouve o povo, em democracia os órgãos de comunicação social não manipulam a opinião pública, nem são marionetas do Governo. Acredito mesmo assim, que a maioria daqueles que votaram e vos deram a vitória nestas eleições, acreditavam de facto numa mudança, mas mais uma vez, mudaram apenas as moscas e rodaram as cadeiras.
Por tudo isto, agradeço que descontem tudo o que descrevo em baixo dos meus impostos, porque isto, meus senhores, nem eu, nem os trabalhadores portugueses, temos possibilidades de pagar!
Esclareçam-me quanto aos seguintes pontos e quanto tudo isto me custa (a mim e a todos os contribuintes portugueses):
- Se me desloco em viatura própria para o meu trabalho e a maioria das pessoas usam o transporte público, digam-me porque é que tenho de comprar carros topo de gama para toda esta gente, que ganha no mínimo o dobro que eu e que ainda tem viatura própria superior à minha? Porque tenho de lhes comprar os BMW’s e os Audis, pagar-lhes a gasolina, as portagens, as inspecções, as revisões, os seguros, os motoristas e quanto isso me custa? Acham que o povo português pode e quer, continuar a pagar isto?
- Se tenho um cartão de crédito que não utilizo, porque tenho de vos pagar os cartões de crédito com “plafond” mensal para despesas diversas? Quem vos disse que queríamos que gastassem assim o nosso dinheiro? Quem vos autorizou?
- Se almoço no refeitório da Empresa e suporto, com o meu vencimento, todas as minhas refeições, por que tenho de pagar as vossas em restaurantes de luxo? - Acham que temos possibilidade de continuar a viver assim? Como têm o descaramento de nos continuar a pedir sacrifícios?
- Se não saio do país, porque não tenho hipótese (como adorava poder efectuar uma viagem por ano), por que tenho de vos pagar, as viagens, as despesas de alojamento e as ajudas de custo? Por que viajam em classe executiva, porque ficam alojados em hotéis de 5 estrelas, se estamos a viver num país falido e endividado?
- Por que tenho de pagar os vossos telemóveis e as vossas contas?
- Por que tenho de vos pagar computadores portáteis, se para pagar o meu tive de fazer sacrifícios e ainda o utilizo ao serviço da empresa, quando necessário.
- Porque tenho de pagar 1.700€ de subsídio de alojamento, aos membros do governo que não residem em Lisboa? Se só posso pagar de renda um máximo de 500€, isto, enquanto não ficar desempregada, porque nessa altura, terei provavelmente de vender a casa ou entregá-la ao banco e procurar emprego noutro sítio qualquer e quero ver quem me vai pagar o subsídio de alojamento ou de arrendamento. Aliás onde estão esses subsídios para os milhares de desempregados deste país?
- Não quero pagar pensões vitalícias a ex-membros do governo que continuam no activo e a acumular cargos e pensões.
- Não quero pagar ajudas de custo, ninguém me paga ajudas de custo para coisa nenhuma, não tenho de o fazer a quem aufere o triplo e o quádruplo do meu vencimento.
- Não quero pagar estudos, nem pareceres, nem quero, que estejam contemplados no Orçamento de Estado, se não têm capacidade para governar, não se candidatem aos cargos, um governo ao ser constituído, escolhe as pessoas de acordo com a sua experiência e competência nas diversas áreas (ou assim deveria ser).
- Não quero pagar mais BPN’s, nem recapitalizações da banca, nem TGV’s, nem PPP’s que penalizam sempre o estado e beneficiam o privado.
- Não quero mais privatizações em áreas essenciais, como a dos transportes, dos correios, das águas de Portugal, etc. Se são necessárias reformas, façam-nas, sentando-se à mesa com os trabalhadores e negociando, não aniquilando as Empresas.
- Quero uma verdadeira política de regulação e supervisão do direito à concorrência, coisa que não existe neste país.
- Quero ver nas barras dos tribunais e a indeminizarem o Estado e o Povo Português, todos os que efectuaram crimes de colarinho branco, de corrupção, de má gestão, que defraudaram o estado em milhões de euros. Se eu cometer um crime sou responsabilizada por ele. Esles também têm de ser.
Estes são apenas alguns exemplos das despesas, que nem eu, nem a maioria dos trabalhadores portugueses, querem pagar. Por isso meus senhores, façam as contas, digam-nos quanto poupam com todas estas coisas e depois sim, podem pedir sacrifícios aos portugueses, mas a todos, não só a alguns, nem sempre aos mesmos.
Até lá, restituam-me o que me estão a roubar no vencimento desde o inicio deste ano. Peço que tirem de uma vez por todas essa ideia da cabeça, de me tirarem os subsídios de natal e de férias dos próximos anos, aliás, isso é inconstitucional e ilegal ("Os subsídios de Natal e de férias são inalienáveis e impenhoráveis". - F. Sá Carneiro, Decreto-Lei n.º 496/80 de 20 de Outubro, promulgado em 10.10.1980, pelo Presidente da República A. Ramalho Eanes), acho que estão a ter algum problema com os vossos responsáveis da área jurídica e não vos estão a prestar os devidos esclarecimentos, por isso, deixo aqui o meu pequeno contributo.
E para não dizerem que nós não queremos fazer sacrifícios, deixo também uma pequena lista das áreas para onde quero contribuir, com os meus impostos e onde quero ver o meu dinheiro aplicado:
Quero continuar a descontar para a Segurança Social e a mantê-la sustentável, para pagamento de:
- Reformas daqueles que trabalharam e descontaram uma vida inteira, daqueles que lutaram pelo nosso país e foram obrigados a ir para uma guerra, que não era deles e onde ainda hoje impera a vergonha nacional, na forma como são tratados os ex-combatentes. Não me importo e concordo, que a reforma mínima, seja aumentada para um valor que garanta dignidade aos nossos idosos, o que está longe de acontecer nos dias de hoje;
- Abono de Família, com aumento para as famílias mais desfavorecidas ou com rendimentos inferiores a 1.000€ (aumentando de acordo com o número de filhos).
- Pagamento de subsídio de apoio social, desde que verificada a real necessidade da família ou indivíduo. Bem como, de todos os subsídios (de doença, desemprego, assistência à família, maternidade, etc.), desde que verificadas as situações, o que me parece já ser uma prática comum.
- Aumento do ordenado mínimo nacional para 500€ (o que continua a ser uma vergonha).
- Continuo a pagar impostos para garantir uma boa Educação, Saúde, Justiça (neste caso para todos e não só para alguns), Segurança, Cultura, ou seja, para todas as áreas onde o governo tem reduzido e quer reduzir ainda mais, ao abrigo da austeridade.
Agora peço-vos que não insultem mais a inteligência dos portugueses, a única coisa estúpida que fazem, é continuar a dar poder a pessoas pequeninas como os senhores, que pouco ou nada contribuem para lhes melhorar a vida.
Não nos voltem a dizer, que estas medidas são necessárias e suficientes, porque sabemos que é mentira e, enquanto não apostarem no crescimento real da economia, na produção de recursos e na criação de emprego, todas as medidas que tomarem, terão um efeito nulo e só agravarão a situação do país e das famílias. Não é necessário ser um grande génio financeiro, pois até o Sr. Zé da mercearia (com todo o respeito que tenho pelo sr., e que apenas estudou até à 4ª classe), percebe isto.
Não nos comparem nunca mais, com outros países mais desenvolvidos, ou quando o fizerem, esclareçam também, quais os benefícios sociais que eles têm e os ordenados que eles recebem, digam também quanto pagam de impostos e por serviços e quanto pagamos nós. Somos dos mais pobres e dos que mais pagam por tudo. Por isso meus senhores não nos peçam mais nada, porque já passaram todos os limites.
Fico a aguardar uma resposta a todas estas minhas questões.
Não me despeço com consideração, porque infelizmente, ainda não a conseguiram ganhar.
Texto de Manuela Cortes

domingo

POESIA

Destino à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio
servente de danos e enganos

vou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escasso

conheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer disperso

agora
que mais
me poderei vencer?

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

quinta-feira

CHORO DE MULHER

Um garotinho perguntou a sua mãe:
- Mamãe, por que você está chorando?
E ela respondeu:
Porque sou mulher...
- Mas... eu não entendo.
A mãe se inclinou para ele, abraçou-o e disse:
- Meu amor, você jamais iria entender!...
Mais tarde o menininho perguntou ao pai:
- Papai, por que mamãe às vezes chora,
sem motivo?
O homem respondeu:
- Todas as mulheres sempre choram sem nenhum motivo....
Era tudo o que o pai era capaz de responder
O garotinho cresceu e se tornou um homem.
E, de vez em quando, fazia a si mesmo a pergunta:
Por que será que as mulheres choram, sem ter motivo para isso?
Certo dia esse homem se ajoelhou e perguntou a Deus:
- Senhor, diga-me...
Por que as mulheres choram com tanta
facilidade?
E Deus lhe disse:
- Quando eu criei a mulher, tinha de fazer algo muito especial.
Fiz seus ombros suficientemente fortes, capazes de suportar o peso do mundo inteiro... Porém suficientemente suaves para conforta-lo!
- Dei a ela uma imensa força interior, para que pudesse suportar as
dores da maternidade e também o desprezo que muitas vezes provém de
seus próprios filhos!
- Dei-lhe a fortaleza que lhe permite continuar sempre a cuidar da
sua família, sem se queixar, apesar das enfermidades e do cansaço, até mesmo quando outros entregam os pontos!
- Dei-lhe sensibilidade para amar seus filhos, em qualquer circunstância, mesmo quando esses filhos a tenham magoado muito ....
Essa sensibilidade lhe permite afugentar qualquer tristeza, choro
ou sofrimento da criança, e compartilhar as ansiedades, dúvidas e medos da adolescência!
- Porém, para que possa suportar
tudo isso,
Meu filho...
Eu lhe dei as lágrimas, e são exclusivamente suas, para usa-las quando precisar.
Ao derrama-las, a mulher verte em cada lágrima um pouquinho de amor. Essas gotas de amor desvanecem no ar e salvam a humanidade!
O homem respondeu com um profundo suspiro...
- Agora eu compreendo o sentimento de minha mãe, de minha irmã de
minha esposa...
- Obrigado, Meu Deus,
por teres criado a mulher.

PS: Desconheço o autor

sábado

PINTURA E POEMAS


Capa efectuada pelo autor para o livro PINTURA E POEMAS

domingo

Os sacrificios do dito cujo...


Os sacrificios do dito cujo...

"Cavaco Silva foi aos Açores por 5 dias com a su...a mulher e mais 30 pessoas,(pelo menos é este o número oficial dado a conhecer aos jornalistas, ou seja, que se quer passar aos portugueses).

Gostava que o senhor presidenteexplicasse a gente ignorante como eu, porque precisa levar consigo 12 agentes de segurança (que risco corre nas Ilhas portuguesas e pacatíssimas como são as dos Açores?).
O chefe da casa civil (mais a mulher),
quatro assessores,
dois consultores,
o médico pessoal,
uma enfermeira e
cúmulo do ridículo, do supérfulo, do exagero e do fútil dois bagageiros,
dois fotógrafos oficiais e
um mordomo como se nos Açores não houvesse ninguém para os, muito bem, receber.
Disse Cavaco à chegada ao arquipélago "-Ninguém está imune aos sacrifícios."
E esta hein?. Digam lá que não parece o Frei Tomás...Podemos concluir então, que em tempo de vacas gordas a comitiva seria de dimensões mais provocadoras.....Na primeira página do jornal eu poria esta noticiaPara não passar despercebida a nenhum membro da ditosa comitiva e principalmente da pessoa que a encabeça.

quarta-feira

"Poemas Dispersos"

Ansiedade Quero compor um poema
onde fremente
cante a vida
das florestas das águas e dos ventos.

... Que o meu canto seja
no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis!

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"
Publicado pela minha amiga Maria Teresa no FB

terça-feira

MULHERES VALOROSAS

MULHERES VALOROSAS: FLORENCE NIGHTINGALE

NASCIDA em Florença em 12 de maio de 1820, era dotada de uma inteligência incomum. Em 1854, seguiu para a guerra da Criméia, instalou em dois hospitais o seu serviço, prestando atendimento a 4.000 feridos. Florence ficou conhecida como a dama da lamparina, pois era com uma lamparina na mão que ela percorria as enfermarias à noite. Até meados do século XIX, era praticamente nula a assistência aos enfermos nos hospitais de campanha, onde a insalubridade aumentava ainda mais o número de mortos. Com seu trabalho, Florence Nightingale lançou as bases dos modernos serviços de enfermagem. Educada pelo pai, aprendeu grego, latim, francês, alemão e italiano, história, filosofia e matemática. Em 7 de fevereiro de 1837, acreditou ter ouvido a voz de Deus conclamá-la a uma missão. Interessou-se então pela enfermagem, e após formar-se por uma instituição protestante de Kaiserweth, Alemanha, transferiu-se para Londres, onde passou a trabalhar como superintendente de um hospital de caridade. Florence não conhecia o conceito de contato por microorganismos, uma vez que este ainda não tinha sido descoberto, porém já acreditava em um meticuloso cuidado quanto à limpeza do ambiente e pessoal, ar fresco e boa iluminação, calor adequado, boa nutrição e repouso, com manutenção do vigor do paciente para a cura. Em suas escolas, Florence baseava sua filosofia em quatro idéias-chave: 1.O dinheiro público deveria manter o treinamento de enfermeiras e este, deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra forma de ensino. 2.Deveria existir uma estreita associação entre hospitais e escolas de treinamento, sem estas dependerem financeira e administrativamente. 3.O ensino de enfermagem deveria ser feito por enfermeiras profissionais, e não por qualquer pessoa não envolvida com a enfermagem. 4.Deveria ser oferecida às estudantes, durante todo o período de treinamento, residência com ambiente confortável e agradável, próximo ao local. Durante a guerra da Criméia, entre 1854 e 1856, integrou o corpo de enfermagem britânico em Scutari, Turquia. Seu trabalho de assistência aos enfermos e de organização da infra-estrutura hospitalar a tornou conhecida em toda a frente de batalha. FUNDOU em 1860 a primeira escola de enfermagem do mundo. Em 1901, completamente cega, parou de trabalhar. MORREU em Londres, em 13 de agosto de 1910.

domingo

Homenagem ao meu amigo GASPAR !!!

Hino à MorteTenho às vezes sentido o chocar dos teus ossos
E o vento da tua asa os meus lábios roçar;
Mas da tua presença o rasto de destroços
Nunca de susto fez meu coração parar.

Nunca, espanto ou receio, ao meu ânimo trouxe
Esse aspecto de horror com que tudo apavoras,
Nas tuas mãos erguendo a inexorável Fouce
E a ampulheta em que vais pulverizando as horas.

Sei que andas, como sombra, a seguir os meus
[passos,
Tão próxima de mim que te respiro o alento,
— Prestes como uma noiva a estreitar-me em teus
[braços,
E a arrastar-me contigo ao teu leito sangrento...

Que importa? Do teu seio a noite que amedronta,
Para mim não é mais que o refluxo da Vida,
Noite da noite, donde esplêndida desponta
A aurora espiritual da Terra Prometida.

A Alma volta à Luz; sai desse hiato de sombra,
Como o insecto da larva. A Morte que me aterra,
Essa que tanta vez o meu ânimo assombra,
Não és tu, com a paz do teu oásis te terra!

Quantas vezes, na angústia, o sofrimento invoca
O teu suave dormir sob a leiva de flores!...
A Morte, que sem dó me tortura e sufoca,
É outra, — essa que em nós cava sulcos de dores.

Morte que, sem piedade, uma a uma arrebata,
Como um tufão que passa, as nossas afeições,
E, deixando-nos sós, lentamente nos mata,
Abrindo-lhes a cova em nossos corações.

Parêntesis de sombra entre o poente e a alvorada,
Morrer é ter vivido, é renascer... O horror
Da Morte, o horror que gera a consciência do Nada,
Quem vive é que lhe sente o aflitivo travor.

Sangue do nosso sangue, almas que estremecemos,
Seres que um grande afecto à nossa vida enlaça,
— Somos nós que a sua morte implacável sofremos,
É em nós, é em nós que a sua morte se passa!

Só então, da tua asa a sombra formidável,
Anjo negro da Morte! aos meus olhos parece
Uma noite sem fim, uma noite insondável,
Noite de soledade em que nunca amanhece...

Só então, sucumbindo à dor que me fulmina,
A mim mesmo pergunto, entre espanto e receio,
Se a tua asa não é dum Anjo de rapina,
Se eu poderei em paz repoisar no teu seio!

Inflexível e cego, o poder do teu ceptro
Só então me desvaira em cruel agonia,
Ao ver com que presteza ele faz um espectro
De alguém, que há pouco ainda, ao pé de nós sorria.

Mas se nessa tortura, exausto o pensamento,
Para ti, face a face, ergo os olhos contrito,
Passa diante de mim, como um deslumbramento
Constelando o teu manto, a visão do Infinito.

E de novo, ao sair dessa angústia demente,
Sinto bem que tu és, para toda a amargura,
A Eutanásia serena em cujo olhar clemente
Arde a chama em que toda a escória se depura.

É pela tua mão, feito um rasgão na treva,
Que a Alma se liberta, e de esplendor vestida
— Borboleta celeste, ébria de Deus, — se eleva
Para a luz imortal, Luz do Amor, Luz da Vida!

António Feijó, in 'Sol de Inverno'



DESCANSA EM PAZ CAMARADA

Fui sabendo de MIM .........


Fui Sabendo de MimFui sabendo de mim
por aquilo que perdia

pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia

fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei

eu vi
a árvore morta
e soube que mentia

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

sábado

REALMENTE ESTE PAÍS ESTÁ TRANSFORMADO NUMA RIDÍCULA ANEDOTA.....

 REALMENTE ESTE PAÍS ESTÁ TRANSFORMADO NUMA RIDÍCULA ANEDOTA.....

Obrigado Portugal!!!!

 A ANEDOTA em que se transformou o nosso País:
-Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto mas não pode pôr um piercing. - Um jovem de 18 anos recebe 200 € do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236 € depois de toda uma vida do trabalho. -Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco. -O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro. -Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2000 habitantes; o Governo diz que não precisa de mais polícias. -Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa é das causas sociais. - O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados. No Fórum Montijo o WC da Pizza Hut fica a 100mts e não tem local para lavar mãos. - O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos). - Nas prisões é distribuído gratuitamente seringas por causa do HIV, mas é proibido consumir droga nas prisões! - No exame final de 12º ano és apanhado a copiar chumbas o ano, o ex-primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa e mandou por fax e é engenheiro. - Um jovem de 14 mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal. Um jovem de 15 leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga, é violência doméstica! - Uma família a quem a casa ruiu e não tem dinheiro para comprar outra, o estado não tem dinheiro para fazer uma nova, tem de viver conforme podem. 6 presos que mataram e violaram idosos vivem numa sela de 4 e sem wc privado, não estão a viver condignamente e associação de direitos humanos faz queixa ao tribunal europeu. - Militares que combateram em África a mando do governo da época na defesa de território nacional não lhes é reconhecido nenhuma causa nem direito de guerra, mas o primeiro-ministro elogia as tropas que estão em defesa da pátria no KOSOVO, AFEGANISTÃO E IRAQUE. - Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem, não pagas as finanças a tempo e horas passado um dia já estas a pagar juros. - Fechas a janela da tua varanda e estas a fazer uma obra ilegal, constrói-se um bairro de lata e ninguém vê. - Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pões a trabalhar contigo num oficio respeitável, é exploração do trabalho infantil, se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe! -Numa farmácia pagas 0.50€ por uma seringa que se usa para dar um medicamento a uma criança. Se fosse drogado, não pagava nada! Obrigado Portugal. Estamos orgulhosos..

António Cardoso...(publicado por Lurdes Meirinho no FB)

segunda-feira

Ao cidadão Pedro Passos Coelho. ( Por desgraça PM de Portugal )

Antes de mais quero esclarecer o Senhor porque não o trato por V. Exa. ou qualquer outra deferência mais “cerimoniosa”.
A razão é simples. Não é por falta de educação. Graças a Deus e aos meus pais que me souberam educar. Nem tão pouco interessa aqui referir qual o meu grau académico, porque não nasci “Doutor” nem “Engenheiro”. Baptizaram-me com nome próprio e é esse que uso e pelo qual sou conhecido. Todavia, tal facto também se deve ao desrespeito que o Senhor e quejandos, têm demonstrado pelo povo português e a própria Nação, em todas as atitudes, quiçá, oportunistas, excessivamente demagógicas, prepotentes, e o que é mais grave, cheias de inverdades, e mentiras. Isto apenas para referir alguns adjectivos que podem classificar a atitude dos novos políticos que assaltaram o poder. Assim, pago na mesma moeda. Isto de dar a outra face…não é para mim!
Como sabe, ou devia saber, a mentira tem a perna curta. E mais depressa do que julga, as suas promessas e certezas quando preparou o assalto ao poder, ruíram pela base, pelas atitudes que tem vindo a tomar. Ou seja o Senhor MENTIU aos portugueses, descaradamente, intencionalmente. O que estava em causa era agarrar o poder. Nada mais. Não venha contar-nos histórias da carochinha nem dançar o bailinho da Madeira, ou a da mula da cooperativa, porque isso já não pega. Os portugueses não são parvos. E eu NÃO SOU!
Se a “TROIKA” indicou um plano “X” e o senhor querendo ser mais papista que o Papa, acrescentou mais “Y” então, vai ter que sofrer na pele o seu erro. Basta de conversa da treta.
A discriminação, dos sacrifícios que o Senhor tão airosamente e cheio de peneiras de esperteza saloia vem anunciar aos portugueses, para juntos vencermos a crise, a tal que SÓ OS POLITICOS A CONSUMARAM, e dela tiraram seus lucros, sugando tudo quanto possam a quem trabalha, e aos ricos e bancos, baixam as calças, tenha paciência Senhor Pedro, está a ir longe demais.
O Senhor, e os seus apaniguados, estão brincando com o fogo. Já o rastilho está queimando. Até o Senhor vem com ameaças que o povo não deve confundir o direito a greves ou manifestações, pois fazem parte dum regime democrático, mas já vem á pressa AMEAÇAR que estará atento a TUMULTOS. Está com medo de perder o tacho? É bom que se vá preparando para essa contestação, que não é tão virtual quanto julga.
Já o seu “Patrão” de Belém o avisou, mas parece que o seu “mentor” Ângelo Correia” não lhe soube “fazer um desenho” correcto dos perigos que podem daí advir.
Não estranho, apesar de tudo, pois a sua imaturidade politica e ambição desmedida não o deixam ver com clareza mais do que se passa para além da linha do horizonte.
O seu “patrão” bem dizia que, e cito…”têm que nascer duas vezes para serem tão honestos como eu (ele)”. Pois é Senhor Pedro, só que a honestidade prova-se pelos actos, e não pelas palavras, e pelo que se tem visto…”bem prega frei Tomás….”não é?
Vem toda esta prosa, a propósito do recente escândalo (mais um) da Madeira. E tanto quanto já se sabe, nem o senhor, nem ninguém do seu querido grupito têm-nos no sítio para imporem-se e arredar definitivamente esse funcionário publico do pedestal. Claro que a Nação inteira compreende a vossa INCOMPETÊNCIA e SOLIDARIEDADE com a CORRUPÇÃO e CHANTAGEM madeirense protagonizada pelo Régulo ALBERTO JOÃO JARDIM. Dir-se-ia que no seu Partido foram todos/as esterilizados/as, e que necessitam urgentemente de eliminar uns quantos parasitas ,e aquele que prima em todos os discursos, em insultar os cidadãos honestos que vivem e trabalham no continente, e que pagam as suas vigarices (dele).
Como já referi, o Senhor Pedro mentiu na sua campanha. Nada de novo. Todos os políticos portugueses mentem. Por isso e pela falta de seriedade dessa classe, já ninguém vos leva a sério. Até que alguém vos OBRIGUE (de G-3 na mão se for preciso…) a mexer na Constituição, e altere a lei eleitoral para voto obrigatório e em listas uninominais, e acabar com a “mama” dos partidos viverem á custa do Estado. Só a talhe de foice, os antros dessa gente deverá ser custeado pela cotização dos seus queridos e devotos militantes, etc..etc… Mas compreende-se que isto não vos interesse. Pode ser que algum dia o tiro saia pela culatra. Cá estaremos para celebrar com champagne ou carrascão do Cartaxo…
Como parece que o Senhor Pedro, e os que o rodeiam se encolhem, ( a palavra certa seria ACOBARDAM-SE) e temem enfrentar o Régulo Madeirense, eu venho muito humildemente citar o seguinte para que o Senhor leia com os seus olhos e se informe junto do seu patrão e do seu mentor o seguinte:
« Lei nº 34/1987 de 16 de Julho. CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE TITULARES DE CARGOS POLITICOS.
Artigo 14º Violação de normas de execução orçamental, o titular de cargo politico a quem por dever do seu cargo, incumba dar cumprimento a normas de execução orçamental e conscientemente as
Viole.
a )- Contraindo encargos não permitidos por lei
b )- Autorizando pagamentos sem o visto do Tribunal de Contas legalmente exigido
c )- Autorizando ou promovendo operações de tesouraria ou alterações orçamentais proibidas por lei
d )- Utilizando dotações ou fundos secretos com violação das regras da universalidade e especificação legalmente previstos, será PUNIDO COM PRISÃO ATÉ UMA ANO!!!!.......»
Para bom entendedor meia palavra basta. Se o Senhor Pedro, mormente o Governo e a Justiça Portuguesa não julgar e punir exemplarmente este cidadão, e se apenas lhe for aplicada a multa de 25.000 Euros,(deixe-me rir, para não dizer o que me apetece) então pode crer que o Senhor será conotado como cúmplice e politicamente um covarde.
Embora para mim não restem dúvidas da posição que o Senhor e o partido vão tomar. O povo vos julgará. Políticos de polichinelo é o que abunda neste País, sequiosos de poder e protagonismo. De competência….ZERO. Empregos para boys e girls e negócios de gabinete, já não nos conseguem enganar. Nem aos mais ingénuos…
Sinceramente,
Mário Cavalleri.

quinta-feira

Encontrei uma preta..........

Música: José Niza
Letra: António Gedeão
jj


Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado

Olhei-a de um lado
do outro e de frente
tinha um ar de gota
muito transparente

Mandei vir os ácidos
as bases e os sais
as drogas usadas
em casos que tais

Ensaiei a frio
experimentei ao lume
de todas as vezes
deu-me o qu'é costume

Nem sinais de negro
nem vestígios de ódio
água (quase tudo)
e cloreto de sódio

terça-feira

Para Ti




Para Ti

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

quinta-feira

A culpa é sepre dos outros....

Porque não se cala
o senhor Alberto João Jardim?
«Os portugueses em geral, por escolha eleitoral do povo madeirense, estão obrigados a suportar as excentricidades do Sr. Jardim praticamente desde que o Paulo de Carvalho piou nas telefonias "Depois do Adeus" numa madrugada longa de Abril, corria o bonito ano de 1974. A partir daí a Madeira tornou-se numa espécie de Twilight Zone democrática. Não se sabe bem o que é politicamente. A melhor definição andará algures entre a liderança cubana com tiques de desafio norte-coreanos, uma relação meio achinesada com a imprensa e ares de bazófia gondomarense.

Eu ainda sou do tempo em que o senhor Alberto tratava o professor Cavaco Silva por "senhor Silva", não deve importar-se por isso que agora o trate da mesma forma. Acho até que é uma forma relativamente carinhosa de se tratar as pessoas. "Ó senhor Júlio: são dois quilos de laranja que ando apanhadinho das aftas e o doutor disse para tomar vitamina C".

Nunca percebi o porquê desta figura política achar que deve ser uma espécie protegida e por isso tratada de forma diferente. Certo é que se trata de uma em vias de extinção, duvido mesmo que haja mais algum político mundial (tirando Berlusconi) a quem já tenhamos visto tantas vezes as cuecas (bons tempos do Tal e Qual). Todavia podermos vê-lo de cuecas não justifica um buraco orçamental daquele tamanho.

Não me recordo, tirando os "bons" e "democráticos" exemplos de Hugo Chávez e Kadhafi, de ver um líder num momento de crise, depois de descoberto novo buraco na região que irá agravar o défice do país, aparecer em tronco nu na praia a falar para os jornalistas. O senhor jardim é uma espécie de oásis que vive numa ilha que aparentemente é parte de um país. País que estranhamente, quando convém e é preciso agitar as hostes, adora hostilizar e apoucar, como se andássemos todos a fazer-lhe um enorme favor de o ter à frente do governo regional.

Uma pessoa que desrespeita quem lhe apetece, seja jornalista, cidadão, adversário político e depois, na altura das "colheitas", mete o rabinho entre as pernas e recebe todos de passadeira vermelha estendida, alguém que trata "os continentais" (como gosta de os apelidar) de forma bacoca, com uma sobranceria deplorável e detestável, a roçar a má educação, e depois adora que o venerem quando se mascara para participar em festas de carnaval locais. Meus amigos já não há pachorra. Estou farto de levar desta personagem de filme mexicano.

A Madeira, numa visão puramente jardinista, funciona desta forma: na altura de receber a massa a Madeira é a Madeira, injecção de capital atrás de injecção, com orçamento próprio e intocável ou desata tudo numa histeria. Despesismo tradicional. Na altura de pagar alto lá, aí já outro galo canta, afinal parece que somos um país. O governo português se quiser que acerte as contas com a União Europeia.

Meus amigos gosto muito da Madeira e dos madeirenses, mas está na altura do Sr. Silva largar o Facebook e pôr o senhor Jardim na ordem de uma vez por todas. Nunca vi um Presidente de todos os portugueses ridicularizar o povo madeirense, já o Presidente do Governo regional não faz outra coisa senão gozar com tudo e todos. Há demasiado tempo. Chega!» [
Expresso

Quem quer figos, quem quer almoçar...............


(Técnica de Pastel)

Os Figos Pretos- Verdes figueiras soluçantes nos caminhos!
Vós sois odiadas desde os seculos avós:
Em vossos galhos nunca as aves fazem ninhos,
Os noivos fogem de se amar ao pé de vós!

- Ó verdes figueiras! ó verdes figueiras
Deixae-o fallar!
Á vossa sombrinha, nas tardes fagueiras,
Que bom que é amar!

- O mundo odeia-vos. Ninguem nos quer, vos ama:
Os paes transmittem pelo sangue esse odio aos moços.
No sitio onde medraes, ha quazi sempre lama
E debruçaes-vos sobre abysmos, sobre poços.

- Quando eu for defunta para os esqueletos,
Ponde uma ao meu lado:
Tristinha, chorando, darà figos pretos...
De luto pezado!

- Os aldeões para evitar vosso perfume
Sua respiração suspendem, ao passar...
Com vossa lenha não se accende, á noite, o lume,
Os carpinteiros não vos querem aplainar.

- Oh cheiro de figos, melhor que o do incenso
Que incensa o Senhor!
Podesse eu, quem dera! deital-o no lenço
Para o meu amor...

- As outras arvores não são vossas amigas...
Mãos espalmadas, estendidas, supplicantes,
Com essas folhas, sois como velhas mendigas
N'uma estrada, pedindo esmola aos caminhantes!

- Mendigas de estrada! mendigas de estrada!
E cheias de figos!
Os ricos là passam e não vos dao nada,
Vos daes aos mendigos...

- Ai de ti! ai de ti! ó figueiral gemente!
O goivo é mais feliz, todo amarello, lá.
Ninguem te quer: tua madeira é unicamente
Utilizada para as forcas, onde as ha...

- Que màs creaturas! que injustas sois todas
Que injustas que sois!
Serà de figueira meu leito da bodas...
E os berços, depois

- Tragicas, nuas, esqueleticas, sem pelle,
Por traz de vós, a lua é bem uma caveira!...
Ó figos pretos, sois as lagrymas d'aquelle
Que, em certo dia, se enforcou n'uma figueira!

- Tambem era negro, de negro cegava
O pranto, o rosario,
Que, em certa tardinha, desfiava, desfiava,
Alguem, no Calvario...

- E, assim, ao ver no outomno uma figueira nua,
Se os figos caem de maduros, pelo chão:
Cuido que é a ossada do Traidor, á luz da lua,
A chorar, a chorar sua alta traição!

- Ó minhas figueiras! ó minhas figueiras
Deixae-o fallar!
Oh! vinde de hi ver-nos, a arder nas fogueiras
Cantar e bailar...

António Nobre, in 'Só'

A Herança..........

"Uma avó está a morrer e manda chamar o neto.

- "Meu querido, vou morrer em breve mas quero que saibas que te deixo a quinta, os tractores e debulhadoras, os cavalos, vacas, cabras e mais animais, o estábulo e todas as plantações, além de 29.880.00?. Trata tudo com cuidado".

- "Epá avó eu nem sabia que tinhas uma quinta! Onde fica?" pergunta o neto.

A avó dá um último suspiro antes de morrer e responde :

- "No facebook!"

terça-feira

Um....Malhoa



Fado Malhoa

Alguém que Deus já lá tem

Pintor consagrado,
Que foi bem grande e nos dói
Já ser do passado,
Pintou numa tela,
Com arte e com vida,
A trova mais bela
Da terra mais querida.


Subiu a um quarto que viu
Á luz de petróleo

E fez o mais português

Dos quadros a óleo:

Um Zé de samarra

Com a amante a seu lado,

Com os dedos agarra,

Percorre a guitarra

E ali vê-se o fado.

Faz rir a ideia de ouvir

Com os olhos, senhores,

Fará, mas não para quem

Já ouviu mas em cores.

Há vozes de Alfama

Naquela pintura

E a banza derrama

Canções de amargura.


Dali vos digo que ouvi

A voz que se esmera,

Boçal o faia banal,

Cantando a Severa.

Aquilo é bairrista,

Aquilo é Lisboa,

Boémia e fadista,

Aquilo é de artista

E aquilo é Malhoa.

segunda-feira

Opinião

"O regresso da epidemia branca

Livro muito aguardado e antecipado do Nobelizado José Saramago, Ensaio Sobre a Lucidez recupera algumas das personagens do Ensaio Sobre a Cegueira e o seu fascínio pelo branco.

Desta vez, a mesma cidade é palco de uma inesperada vitória da abstenção numas eleições para o poder local. Novamente náufragos, os habitantes da Capital são isolados por ordem governamental, e assim pode começar a aventura do Comissário destacado pelo ministério da defesa para encontrar culpados e resolver o problema nacional. E é num misto de policial e romance aforístico, no estilo inconfundível de José Saramago, que se desenvolve a trama para podermos reencontrar a mulher que não chegou a cegar, os seus companheiros e o cão que acompanhámos no Ensaio Sobre a Lucidez. Cegueira e Lucidez têm vários pontos de contacto; a cegueira pode assumir as mais variadas formas, a lucidez é a oposição à loucura e ao desvario.

A crítica em relação ao poder e ao seu abuso é muito clara e um dos aspectos fundamentais da obra, por vezes caricatural e outras sarcástica. Seres humanos compostos de qualidades e defeitos, que se deixam levar pela ambição, homens considerados civilizados mas não tão distantes dos cegos que vagueavam pelas ruas dessa mesma Capital, quatro anos antes, não olhando a meios para garantir a sua sobrevivência.

Num romance que prometeu acesa polémica e que questiona o sistema democrático, simulando uma situação limite num acto eleitoral, Saramago aborda também a maldade humana, que parece não ter limites."

quinta-feira

Precisa-se de um Amigo....


Neste momento PRECISA-SE DE UM AMIGO... Não precisa ser homem ou mulher, basta ser humano, ter sentimentos. Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível, que seja de segunda mão.

Não é preciso que seja puro, ou todo impuro, mas não deve ser vulgar.

Pode já ter sido enganado ( todos os amigos são enganados).

Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.

Deve gostar de crianças e lastimar aquelas que não puderam nascer.

Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos levam consigo.

Tem que gostar de poesia, dos pássaros, do por do sol e do canto dos ventos.

E seu principal objetivo de ser e o de ser amigo.

Precisa-se de um amigo que faça a vida valer a pena, não porque a vida é bela, mas por já se ter um amigo.

Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo.

Precisa-se de um amigo para ter-se a consciência de que ainda se vive.

A I Exposição!


A minha primeira exposição na CMA

terça-feira

Cada manhã é o começo do melhor da vida. MEUS...

Meus amigos(a) o mundo é um selvagem e inóspito lugar da qual nós tiramos mais que irreais sentimentos, porque todo o sentimento por mais sincero que se sinta não deixa de ser irreal, por lógica nada irreal é certo, mas isso não importa, somos simples mortais forasteiros de este desconhecido mundo... O mundo é um lugar selvagem e não poder mudá-lo para ti, faz tudo isso mais complicado.

Queria que seguisses nessa grande nuvem azul de sonhos inocentes e longe da frialdade que o mundo te oferece, deixar detido o tempo sem confusões, longe das depressões, fracassos, longe de tudo o que eu conheço, mas... Já é tarde, vejo nos teus olhos as ansias de sair e descobrir o mundo, se pudesse recuar no tempo, gozaria mais tempo junto a ti, te faria guardar recordações simples, momentos cotidianos, tudo aquilo que ajudara hoje, a desfrutar o simples de uma forma complexa, encontrar a tranquilidade nos momentos de sossego.

Descobrir que não é só o mundo que decepciona que até eu, faz os meus dias mais complexos, intensos e mesmo que tudo aparente ser tão mau, essas ráfagas de felicidade não se comparam com nada, é a melhor recompensa de atrever-se a viver, de levanta-se todos os dias e desfrutar no possível tudo o que há a teu redor, já que ao final dos dias é o que nos fica.

O mundo um lugar selvagem e isso não posso mudar, mas só os valentes podem desfrutar de ele. Sê valente, atreve-te a viver com a mesma vontade que nos dá sorrir. Porque saber que há tempo para ordenar as minhas ideias, me dá tranquilidade. Saber que não me durará, me assusta, saber que chegará o momento de passar tudo isto a uma recordação faz intenso desfrutar-lo.

Cada manhã é o começo do melhor da vida. MEUS...

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos.

domingo

Mario Quintana 16 anos após a sua morte!


AMOR É SÍNTESE
Por favor não me analise,
Não fique procurando cada ponto fraco meu,
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu
Ciumento, exigente, inseguro, carente,
Todo cheio de marcas que a vida deixou.
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.
Amor é síntese,
É uma integração de dados,
Não há que tirar nem pôr.
Não me corte em fatias,
Ninguém consegue abraçar um pedaço,
Me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeito, amor.

-

O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado." Considerado o "poeta das coisas simples", foi ainda tradutor, traduziu mais de cento e trinta obras da literatu...

sábado

Tarde quente e abafada, sufocante!


Na minha rede debaixo da minha figueira grávida, acredito sim no teu amor,
que fica em silêncio e observa humildemente...
Que guarda detalhes das minhas palavras, da minha vida...
A forma que me falas e me aconselhas com tanto carinho,
É tão bom ouvir a tua voz firme e cadenciada,dá-me tanto alento...
Imaginar o teu abraço, teu beijo e os teus desejos, me levam a total loucura...
Deus como te amo, como te quero em meus dias!
Como preciso dormir em teus braços,acordar ao teu lado e te dizer: bom dia!
Sentindo o teu ser em minha aura...
Quanta demora esta tarde...
Como é dificil esperar o momento...
O tempo não passa,quero adiantar o relógio
para não sentir esta ansiedade no meu peito...
Acredito neste amor sim, que grita em minha alma...
Que refaz as minhas esperanças e energias,
que me faz mais criança...!
Que mostra que o amor não tem idade,
Que escancara a minha verdade,que me dá esta coragem de ir mais além...
Que me expõem a mais linda realidade que só ao teu lado poderei ser feliz...
Revelemos pois o nosso amor,
Amando-nos pela eternidade...

quarta-feira

PERGUNTA-SE : DE QUEM É A CULPA?!... QUEM AUTORIZA?!...

'O SUPER LUXO (OU LIXO) DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL'

Divulguem para que o povo pagante abra os olhos e se decida a refilar objectiva e eficazmente.
Tanto se fala em crise, em défice orçamental, mas isso serve apenas para sacar mais impostos e impor mais restrições aos desgraçados trabalhadores por conta de outrem que têm de pagar sem poder refilar.
Os Poderosos do Poder dispõem de toda a liberdade para obter os maiores benefícios.
Metem as mãos nos dinheiros públicos (de todos nós) sem escrúpulos, sem vergonha, sem pudor.
Como pode progredir um País assim saqueado permanentemente pelas pessoas que deviam dar o exemplo de seriedade?
Em quem podemos confiar quando os mais altos responsáveis dão estes exemplos de saque?

É indigno!!...

Aqui vai mais um bom exemplo:

O Tribunal Constitucional é um tribunal de nomeação politica e, por esse facto, resolveram comprar automóveis de Luxo e Super Luxo para cada um dos 'Juízes' ( de nomeação política ).

Estes carros são utilizados pelos Juízes - num total de 13 Juízes - para todo o serviço, precisamente como acontece nas grandes Empresas.

1- O Presidente tem um BMW 740 D (129.245 EUR)
2- O Vice-Presidente: BMW 530 D ( 72.664)
3- Os restantes 11 Juízes têm BMW 320 D ( 42.145 EUR)

Portanto, uma frota automóvel no valor de 665.504 EUR (mais de meio milhão de Euros?!!!)

É o único Tribunal Superior onde os Juízes têm direito a carro como parte da sua remuneração automóvel para uso pessoal).

A que propósito? Pura ostentação! Ninguém se indigna?!

Quem é que autorizou este escândalo?

Ao mesmo tempo que o Governo sobrecarrega os portugueses em geral compra justamente as viaturas mais caras, superluxo.

Não é aceitável, não se pode compreender...

segunda-feira

O Outro Algarve

1 - Algarve de Ontem

Sou do tempo de um outro Algarve, outras regras e preceitos,
outra condição de gente humilde e nobre
que habitou este enredo de amendoeiras e alfarrobeiras,
gente que olhava nos céus os sinais que nunca vinham,
uma quieta intranquilidade nas estevas
que amassavam devagar o pão de trigo,
o funcho que trazia o cheiro das esteiras
onde iam secando as almas e o figo das colheitas.
.
Era o tempo de um outro Algarve encoberto nas aldeias
e nos campos onde ardia o azeite da candeia,
a lanterna que acendia a escuridão das noites
subjugadas pelo frio agreste de acreditar num dia de fortuna;
das mulheres embrulhadas em seus xailes negros
herdadas de avós árabes que há séculos aqui viveram
e do luto prolongado de quem só tem a vida,
que a vida é mais do que só para ser vivida
também é uma ventura partilhada,
um modelo prometido de amparo e claridade

domingo

Bom Fim de Semana com Mario Quintana!



AH! OS RELÓGIOS


Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

sexta-feira

Poemas



Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par
de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana

Se Tu Viesses Ver-me....

Se Tu Viesses Ver-me...Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

...Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Tema(s): Amantes Ler outros poemas de Florbela de Alma Conceição Espanca

terça-feira

Amostra sem valor


 
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
António Gedeão

segunda-feira

AGARRA A MINHA MÃO E VAMOS!

Caminhar pelos caminhos pedindo autorização ao tempo, atravessando o vento em cada espaço livre e vazio, deixemos as marcas para o regresso se perder-mos as pisadas e sejamos só a sombra de nossos corpos alimentados por o amor sincero e audaz.

Seguimos o sol assim ao horizonte, que o arco-iris seja um tobogam no final, e nas noites que nos envolva o aroma do destino, abraçando ao tímido sussurro das palavras que se escutam sem saber quem nos fala.
Pintemos as árvores, flores e paisagens à nossa maneira, descubramos o destino de cada dia sentido, sejamos colonos de nossos próprios lugares descobertos, e fantasias de cada realidade que caminha junto aos dois. Corramos de repente até donde chegue o ar, respiremos ao verde bosque que nos cobre deixando-nos invisíveis do alheio, olhemos crescer as rosas que iluminam nossos olhos, e cautivemos cada raio de sol que penetra entre as folhas secas como livros colmados de histórias.

Seremos protagonistas de cada guião escrito, autores de cada paragrafo vivido de cada nota das canções do coração, e poeta de cada verso sentido pelo o coração.

Toma as minhas mãos e vamos recorrer o mundo, esse mundo de fantasias que dia a dia nos chama, um destino incerto de querer conhecer o mais alá, esse mundo nosso do amor infinito que nos atrapa pouco a pouco. Seremos sorrisos de nossos próprios lábios, lágrimas das nossas próprias recordações, seremos só dois neste caminho que acabamos de começar...