sexta-feira

Rachmaninov - piano concerto No.2 /1

Abril, por Eugénio de Andrade

Abril, por Eugénio de Andrade

Brinca a manhã feliz e descuidada,
como só a manhã pode brincar,
nas curvas longas desta estrada
onde os ciganos passam a cantar.

Abril anda à solta nos pinhais
coroado de rosas e de cio,
e num salto brusco, sem deixar sinais,
rasga o céu azul num assobio.

Surge uma criança de olhos vegetais,
carregados de espanto e de alegria,
e atira pedras às curvas mais distantes
- onde a voz dos ciganos se perdia.



Porque me faltam palavras, hoje.
E a chuva insiste em não me deixar sorrir.
Publicada por Sal em 16:19
Etiquetas: Abril, Eugénio de Andrade, Poesia, Tristeza
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