terça-feira

Cada manhã é o começo do melhor da vida. MEUS...

Meus amigos(a) o mundo é um selvagem e inóspito lugar da qual nós tiramos mais que irreais sentimentos, porque todo o sentimento por mais sincero que se sinta não deixa de ser irreal, por lógica nada irreal é certo, mas isso não importa, somos simples mortais forasteiros de este desconhecido mundo... O mundo é um lugar selvagem e não poder mudá-lo para ti, faz tudo isso mais complicado.

Queria que seguisses nessa grande nuvem azul de sonhos inocentes e longe da frialdade que o mundo te oferece, deixar detido o tempo sem confusões, longe das depressões, fracassos, longe de tudo o que eu conheço, mas... Já é tarde, vejo nos teus olhos as ansias de sair e descobrir o mundo, se pudesse recuar no tempo, gozaria mais tempo junto a ti, te faria guardar recordações simples, momentos cotidianos, tudo aquilo que ajudara hoje, a desfrutar o simples de uma forma complexa, encontrar a tranquilidade nos momentos de sossego.

Descobrir que não é só o mundo que decepciona que até eu, faz os meus dias mais complexos, intensos e mesmo que tudo aparente ser tão mau, essas ráfagas de felicidade não se comparam com nada, é a melhor recompensa de atrever-se a viver, de levanta-se todos os dias e desfrutar no possível tudo o que há a teu redor, já que ao final dos dias é o que nos fica.

O mundo um lugar selvagem e isso não posso mudar, mas só os valentes podem desfrutar de ele. Sê valente, atreve-te a viver com a mesma vontade que nos dá sorrir. Porque saber que há tempo para ordenar as minhas ideias, me dá tranquilidade. Saber que não me durará, me assusta, saber que chegará o momento de passar tudo isto a uma recordação faz intenso desfrutar-lo.

Cada manhã é o começo do melhor da vida. MEUS...

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos.