terça-feira

Um....Malhoa



Fado Malhoa

Alguém que Deus já lá tem

Pintor consagrado,
Que foi bem grande e nos dói
Já ser do passado,
Pintou numa tela,
Com arte e com vida,
A trova mais bela
Da terra mais querida.


Subiu a um quarto que viu
Á luz de petróleo

E fez o mais português

Dos quadros a óleo:

Um Zé de samarra

Com a amante a seu lado,

Com os dedos agarra,

Percorre a guitarra

E ali vê-se o fado.

Faz rir a ideia de ouvir

Com os olhos, senhores,

Fará, mas não para quem

Já ouviu mas em cores.

Há vozes de Alfama

Naquela pintura

E a banza derrama

Canções de amargura.


Dali vos digo que ouvi

A voz que se esmera,

Boçal o faia banal,

Cantando a Severa.

Aquilo é bairrista,

Aquilo é Lisboa,

Boémia e fadista,

Aquilo é de artista

E aquilo é Malhoa.