sábado

MUSICA para o fim de semana!!


-
EL PASTOR SOLITARIO -zamfir - MUSICA CLASSICA

Dedicado ao meu Pai !!

Roseira, botão de gente...

A força
Que eu tive no momento
Tecendo o teu corpo
A primeira vez
Está agora no teu ventre
Em movimento
No filho que a gente fez

Depois irá pouco a pouco
Ficando maior
Por dentro de ti
E o teu corpo me segreda
Quando o toco
Que o meu filho está ali

Eu fui a semente
Tu és o canteiro
Dum cravo de carne
Que tem o meu cheiro

Eu fui o arado
Tu és a seara
Seara de trigo sem fim
Seara lavrada por mim

O que um homem sente
Quando a companheira
Dá flor no presente
Para a vida inteira
É como como se o sangue fosse uma fogueira

Roseira, botão de gente
Rosa da minha roseira
A vida que tece outra vida
É vida parida
É vida maior
Tens agora a palpitar
A minha vida
No teu ventre, meu amor

Depois
O sangue dos dois
Será vida nova
Será uma flor
Flor de carne a despontar na primavera
Do teu ventre, meu amor
*
José Carlos Ary dos santos

-
Já vai longe o tempo em que te perdi, mas esquecer-te como o Grande Homem que foste é impossível, tudo que me ensinaste, tudo o que sofreste nas tuas lutas contra os Vampiros desta terra, fizeram de mim um Homem. Acredito que vais gostar deste poema que escolhi para ti. Um beijo de amor do filho que não te esquece, e que continua fiel á tua mensagem "Filho eu sou o que sou, tu decidirás, o que queres ser". Obrigado por essa mensagem, que só por si define o Grande Homem que foste, só me resta agradecer-te por teres sido MEU PAI.

Uma pequena Homenagem a Ary

Poeta Castrado, Não!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala
--- é tão vulgar que nos cansa ---
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história
--- a morte é branda e letal ---
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
--- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
--- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

José Carlos Ary dos Santos