sexta-feira

Navego...


Navego...

Navego com os meus pensamentos, no meu tempo
como se de um barco se tratasse
com os meus pensamentos, subia lentamente o rio
... Não levava companhia, só pensamentos
nem mastreação tinha,
Acordo, estou ancorado em mim
Olho o que me rodeia, olho tudo
através de grandes janelas exorbitadas na margem
onde cintilam as luzes, que mais se assemelham
a paisagens lunares
o silêncio que me rodeia é assustador
é negro o seu perfil.
Mas que quero mais estou firmemente ancorado
nos meus pensamentos.
Livre dos coites que me rodeiam.

terça-feira

É estranho...


Quadro em acrilico que acompanha o meu poema "É estranho..."
No meu novo livro Pinturas e Poesias II, que pode ser visto no endereço www.borradas.blogspot.com.

quinta-feira

É Urgente....


É urgente....

É urgente, é preciso partir!
o padeiro já não não fia,
a seca tornou a terra estéril,
... o frigorifico está vazio,
o gado está só com o esqueleto, minga e se fina!

È urgente partir!
A enxada enferruja com falta de uso,
o arado já não sulca a terra,
o nosso filho quer pão; a nossa casa é fria!
Não ouves as noticias!

É preciso emigrar!
O vento está doido sopra forte e sem nexo – vai levar a azeitona;
a chuva não deixa de cair
de noite e de dia vai inundar tudo;
e a lareira já não acende, o sitio da lenha está vazio,
o gado definha sem pasto,
é a morte que nos assola, só à frio por todo o lado,
só a morte, nos aguarda com este frio que nos assola,

Filho!
É preciso decidir, não houves as noticias!
o sino ja toca, Badalão, Badalão!
já anuncia a tua despedida.
Os juros não param de crescer;
o homem rico é como o dinheiro, não têm coração.
E as dividas, Filho?
Ninguém as perdoa – que mais temos para vender?
Foi-se o fio da minha querida mãe,
Foi-se os brincos da Tia,
foi-se tudo Filho!

A fome já nos espia, ronda o nosso gelado lar.
Para quê lutar,
Para que lutar, com a indiferença dos homens,
com a indiferença do céu,
com tudo o que nos rodeia,
com a morte, com a fome, com a terra,
com tudo! Eles os homens roubaram-nos tudo
Árida, árida a vida!

Filho, é preciso partir, ouve as noticias!
Emigra!
O Filho convencido partiu.
E a nossa casa,, ficou mais fria, desamparada, vazia.
Mas ele disse para Partir!