quinta-feira

Retrato da Jovem Amada - Livro II


RETRATO DA JOVEM AMADA

Quisera vestir-te de Primavera
Como o vento claro que escreve
O nome das sementes sobre os campos
Pintar flores novas nos teus ramos
O desenhar em cada gota de orvalho
Uma esperança trémula
Beijar as tuas raízes como um rio subterrâneo
Cobrir-te de estames de oiro
E transparência azuladas
Como um céu de inefável juventude
Acariciar os teus pomos redondos
Cheirosos a luar e a madrugadas
Ser natural como tudo o que respira
E ao abraçar-te edificar um mundo
Sem montanhas e rios entre nós

O Dragão Março de 1966