segunda-feira

Recordando Eugénio Andrade


Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

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É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
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É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,muitas espadas.
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É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
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Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor,é urgente
permanecer.

1 comentário:

Rosa dos Ventos disse...

Tanta coisa que é urgente! :-((

Abraço