quarta-feira

O 5 de Outubro

O 5 de Outubro era o dia mais feliz do meu saudoso Pai.

Republicano dos sete costados, lutador indomável, que dedicou toda a sua vida aos ideais da República, preso vezes sem conta, correu quase todas as prisões políticas do antigo regime das quais algumas vezes se evadiu com outros presos políticos, conheceu como não podia deixar de ser a amargura da deportação para terras de África.


No dia 5 de Outubro era certo e sabido que a minha querida mãe recebia uma prenda e quando nascia a madrugada estalavam os primeiros foguetes, lançados pelo José David, depois a história repetia-se, fugia para o mais longe possível pois a Pide não tardaria a procura-lo. Ao almoço a minha mãe esmerava-se como sempre, o bacalhau e o leite creme faziam sempre parte da ementa, só que nunca sabíamos se o convidado principal vinha almoçar… tempos difíceis, mas ao mesmo tempo belos, os Homens lutavam pelos seus ideais.

Foi também o 5 de Outubro uma data escolhida para fazer história na nossa família. Foi o dia em que a Rita, a minha filha mais velha casou, faz precisamente quatro anos. Foi uma maneira carinhosa e bonita de homenagear o Avô, a outra mais nova que melhor homenagem pode ter, do que continuar a adorar e a lembrar-se do seu querido Avô.

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