quarta-feira

Sr. Major, demita-se

Vou directo ao assunto, não faço rodeios.
O Sr. Major Valentim Loureiro é Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, sendo pois um órgão da mesma.Nos termos do Art.º 26.º dos Estatutos da LPFP, a Assembleia Geral é o órgão supremo da Liga.Ou seja, por outras palavras, o Sr. Major está para o futebol profissional como o Presidente da Assembleia da República está para o poder político.Não terá funções executivas, mas constitui um referencial e uma representação da instituição, no seu caso mais marcadamente, porquanto transitou para esse cargo depois de ter sido Presidente da Liga.Indiscutivelmente, o Sr. Major é uma das caras (entre outras coisas) do futebol profissional em Portugal.O Sr. Major decidiu permanecer nas funções de Presidente da Mesa, não obstante as acusações e processos que sobre si impendem.Devo dizer, desde logo, que acho mal.Acho mal, porquanto a questão não se coloca num ponto de vista jurídico, outrossim numa perspectiva ética.Por outras palavras, não interessará tanto saber se a prova recolhida através das escutas telefónicas pode ser usada no âmbito do processo penal ou das sanções disciplinares do Conselho de Disciplina e do Conselho de Justiça; o que releva é que o então Presidente da Liga agia com outros agentes do futebol da forma que as conversas telefónicas abundantemente ilustram.E se o Sr. Major acha esse relacionamento estatutário, normal e legítimo, eu não acho.Devo mesmo dizer que, como dirigente de um clube que está fora desses Apitos Dourados e Apitos Finais, convivo mal com essa promiscuidade.O mesmo se aplica relativamente aos trabalhos da Assembleia Geral da Liga que visam alterar o Regulamento Disciplinar da mesma; quem, perante as embrulhadas em que o Sr. Major está metido, pode levar a sério o que se passou, em matéria de alteração da moldura e agravamento das sanções de determinados delitos (corrupção, coacção), convenientemente chutadas (é o termo) para as calendas?Sr. Major, pode esconder-se por detrás de todos os subterfúgios processuais e disciplinares, relativamente aos casos em que está envolvido; pode até ser absolvido.Simplesmente tal circunstancialismo não altera o juízo ético que se impõe relativamente às suas condutas, mesmo que quem sofra seja o Boavista ou o Gondomar; e nessa apreciação deixe-me que lhe diga, o Sr. Major não fica nada bem na fotografia…Não quero aprofundar os motivos pelos quais se pretende manter na Liga.Quero apenas dizer-lhe isto: a simples presença do Sr. Major afecta a credibilidade do futebol.Faça então um favor ao futebol, aos adeptos e se calhar a si mesmo.
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Demita-se*Vice-presidente do Conselho Directivo do Sporting

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