quarta-feira
Só mesmo uma mulher para compreender....
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Evolução da despesa do Estado ........

Em conferência de imprensa, citando dados deste ensaio, João Tiago Silveira afirmou que "os portugueses ficam a saber, a partir de agora, a quem devem e a quem não devem entregar as suas poupanças" e salientou que o estudo "prova que, com o PSD no poder, a despesa cresce em média 0,35 do Produto Interno Bruto por ano” e que, "quando o PS está no Governo, o crescimento da despesa é inferior, sendo apenas de 0,25 por cento do PIB por ano. Ou seja, o PSD gasta mais do que o PS".
De acordo com o porta-voz do PS, este estudo permite também concluir que "o maior aumento da despesa registou-se com os governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, quando Manuela Ferreira Leite desempenhava as funções de ministra de Estado e das Finanças. Os números não mentem: o crescimento da despesa foi de 0,48 por cento na altura dos governos de Durão Barroso e de Pedro Santana Lopes, seguindo-se os governos de Cavaco Silva com 0,32 por cento, de António Guterres com 0,31 por cento e de José Sócrates com apenas 0,14 por cento".
Para João Tiago Silveira, os dados demonstram também que o Governo de José Sócrates "teve a rara distinção de ter sido o único capaz de reduzir o tamanho do monstro da despesa do Estado em meio ponto percentual entre 2005 e 2008. O ensaio diz mais: se excluirmos o aumento da despesa ocorrido no primeiro trimestre de 2009, devido à crise mundial e à necessidade de ajudar empresas e pessoas, este teria sido o Governo realmente capaz de reduzir o tamanho do monstro".
Sentido das Letras / Copyright 2008 - 7/29/2009 8:32 AM
segunda-feira
domingo
Os Vampiros estão de Volta ........

Continua a perseguição aos blogs incómodos para o poder.
Depois de ter sido sentado no banco dos réus o autor do "Do Portugal Profundo", que ousou denunciar as pretensas irregularidades da licenciatura de Sócrates, e após o encerramento pelo tribunal do "Póvoa Online", por ter divulgado situações embaraçosas para o presidente e vice-presidente da Câmara da Póvoa do Varzim, segue-se o blog "O Jumento", alvo de investigação da Judiciária (com apoio da Interpol, vejam bem!) por andar há cinco anos - que amanhã se completam - a descobrir a careca aos senhores todo-poderosos do fisco.
Tudo isto sob a regência de um governo que começou por mentir aos Portugueses dizendo-se socialista!
É impensável voltar ao tempo da outra senhora, mas que os vampiros estão de volta, lá isso estão...

Artigo publicado em http://albufeirasempre.blogs.sapo.pt/217616.html
sexta-feira
É preciso ver, e ouvir para crer ....................
quinta-feira
Dedicado á Rosa dos Ventos
quarta-feira
Ainda em memória de Palma Inácio
Uma História ? Ou antes uma Mensagem .......(1)

Um certo dia, um amigo meu abriu a gaveta da mesa de cabeceira da sua esposa e apanhou um pacote embrulhado em papel de arroz.
“Este - disse o meu amigo - não é um pacote qualquer, é uma peça íntima, uma lingerie finíssima”.
Abriu o pacote, jogou fora o papel, pegou na peça, e acariciou a seda macia e a renda.
“Ela comprou esta lingerie a primeira vez que estivemos em New Yorque..., uns 8 ou 9 anos atrás. Nunca a usou.” “Estava esperando o momento certo, a ocasião especial para poder usá-la.
Bom, acho que a hora chegou.”
Aproximou-se da cama e colocou a lingerie perto de outros objectos que levaria para o cemitério.
Ainda estou pensando nas palavras que ele me disse e como mudaram a minha vida.
Agora leio mais, e dedico menos tempo à limpeza da casa. Sento-me na varanda e admiro a paisagem, sem reparar se o jardim tem ou não ervas daninhas.
Passo mais tempo em companhia da minha família e dos meus amigos, e bem menos tempo trabalhando para os outros.
Dei-me conta que a vida é um conjunto de experiências para serem apreciadas e não sobrevividas.
Agora já não guardo quase nada. Uso os copos de cristal todos os dias.Visto roupas novas para ir fazer compras no supermercado, se estiver com vontade de vesti-las.
Não guardo o melhor frasco de perfume para as festas especiais, mas uso quando quero sentir a sua fragrância.
As frases “um dia...” e “um dia destes...”, estão desaparecendo do meu vocabulário, se vale a pena ver e ouvir é agora. Não sei o que a esposa do meu amigo teria feito, se soubesse que não haveria amanhã, o mesmo “amanhã” que todos nós levamos tão pouco a sério. Se ela soubesse, talvez poderia ter falado com todos os seus familiares e amigos mais próximos. Ou, talvez, poderia ter chamado os velhos amigos para se desculpar, para fazer as pazes pelos mal entendidos do passado
Gosto de pensar que, ela poderia ter ido degustar o seu prato preferido naquele restaurante chinês que tanto gostava. São estas pequenas coisas da vida não cumpridas que me chateariam se soubesse que tenho as horas contadas. Chatear-me-ia pensar que deixei de abraçar os bons amigos que “um dia destes” reencontraria, Chatear-me-ia pensar que não escrevi as cartas que queria porque a intenção de escrevê-las era “um dias destes...”, Chatear-me-ia, e deixar-me-ia ainda mais triste, saber que deixei de dizer aos meus filhos e irmãos, com suficiente frequência, o quanto os amo.
Agora procuro não retardar, esquecer, ou conservar, algo mais que poderia acrescentar sorrisos de felicidade e alegria à minha vida. Cada dia que passa, digo para mim mesmo, que este é um dia muito especial. Cada dia, cada hora, cada minuto que passa... é especial
terça-feira
A Pandemia do Lucro
segunda-feira
Lua Extravagante

O tempo que hei sonhado
quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
foi só a vida mentida
de um futuro imaginado!
Aqui à beira do rio
sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
figura, anónimo e frio,
a vida vivida em vão.
A'spr'ança que pouco alcança!
que desejo vale o ensejo?
E uma bola de criança
sobe mais que a minha 'spr'ança,
rola mais que o meu desejo.
Ondas do rio, tão leves
que não sois ondas sequer,
horas, dias, anos, breves
passam - verduras ou neves
que o mesmo sol faz morrer.
Gastei tudo que não tinha.
Sou mais velho do que sou,
a ilusão, que me mantinha,
só no palco era rainha:
despiu-se, e o reino acabou.
Leve som das águas lentas,
gulosas da margem ida,
que lembranças sonolentas
de esperanças nevoentas!
Que sonhos, o sonho e a vida!
Som morto das águas mansas
que correm por ter que ser,
leva não só as lembranças,
mas as mortas esperanças
mortas, porque hão-de morrer.
Ondas passadas, levai-me
para o olvido do mar!
Ao que não serei legai-me
que cerquei com um andaime
a casa por fabricar.
A Lua (dizem os Ingleses)

A LUA (dizem os ingleses) É feita de queijo verde. Por mais que pense mil vezes Sempre uma idéia se perde. E era essa, era, era essa, Sim, todos os meus reveses |
40 Anos depois da chegada .....
Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade inteira saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.
Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até os pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão de vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.
Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.
Cá de longe, na Terra, num burburinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.
Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.
Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.
Mais um passo.
Mais outro.
Num sobrehumano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.
António Gedeão
domingo
RAIN, PLUIE, LLUVIA, CHUVA
Close your eyes and listen....
Poema de Despedida

LA MARIONETA
Si por un instante Dios se olvidara
de que soy una marioneta de trapo
y me regalara un trozo de vida,
posiblemente no diría todo lo que pienso,
pero en definitiva pensaría todo lo que digo.
Daría valor a las cosas, no por lo que valen,
sino por lo que significan.
Dormiría poco, soñaría más,
entiendo que por cada minuto que cerramos los ojos,
perdemos sesenta segundos de luz.
Andaría cuando los demás se detienen,
Despertaría cuando los demás duermen.
Escucharía cuando los demás hablan,
y cómo disfrutaría de un buen helado de chocolate.
Si Dios me obsequiara un trozo de vida,
Vestiría sencillo, me tiraría de bruces al sol,
dejando descubierto, no solamente mi cuerpo sino mi alma.
Dios mío, si yo tuviera un corazón,
escribiría mi odio sobre hielo,
y esperaría a que saliera el sol.
Pintaría con un sueño de Van Gogh
sobre las estrellas un poema de Benedetti,
y una canción de Serrat sería la serenata
que les ofrecería a la luna.
Regaría con lágrimas las rosas,
para sentir el dolor de sus espinas,
y el encarnado beso de sus pétalo...
Dios mío, si yo tuviera un trozo de vida...
No dejaría pasar un solo día
sin decirle a la gente que quiero, que la quiero.
Convencería a cada mujer u hombre de que son mis favoritos
y viviría enamorado del amor.
A los hombres les probaría cuán equivocados están,
al pensar que dejan de enamorarse cuando envejecen,
sin saber que envejecen cuando dejan de enamorarse.
A un niño le daría alas,
pero le dejaría que él solo aprendiese a volar.
A los viejos les enseñaría que la muerte
no llega con la vejez sino con el olvido.
Tantas cosas he aprendido de ustedes, los hombres
He aprendido que todo el mundo quiere vivir
en la cima de la montaña,
Sin saber que la verdadera felicidad está
en la forma de subir la escarpada.
He aprendido que cuando un recién nacido
aprieta con su pequeño puño,
por vez primera, el dedo de su padre,
lo tiene atrapado por siempre.
He aprendido que un hombre
sólo tiene derecho a mirar a otro hacia abajo,
cuando ha de ayudarle a levantarse.
Son tantas cosas las que he podido aprender de ustedes,
pero realmente de mucho no habrán de servir,
porque cuando me guarden dentro de esa maleta,
infelizmente me estaré muriendo.
"Gabriel Garcia Marquez retirou-se da vida pública por razões de saúde: cancro linfático. Agora, parece que está cada vez mais grave".
sexta-feira
quarta-feira
BASTA .........

Simultaneamente com a Comissão Parlamentar sobre o BPN decorreu em Washington o inquérito do Congresso às irregularidades de gestão das grandes empresas financeiras americanas que tinham levado à crise. Logo aqui, a premissa de partida para as investigações americanas demarcou-se diametralmente da da Assembleia da República.Em Portugal, assumiu-se que os problemas no BPN decorreram da crise. A actuação desregulada e criminosa dos gestores pode estar a custar aos contribuintes dois mil milhões de euros subtraídos a hospitais, lares e escolas, mas, pelo relatório do BPN, não contribuiu para as dificuldades financeiras do país, que seriam só culpa da crise internacional.Numa das mais emblemáticas sessões da Comissão americana (18 Março, 2009) foi chamado a Washington Edward Liddy, o presidente do maior grupo segurador do Mundo, o American International Group. Em plena crise, a AIG tinha distribuído prémios aos seus quadros. Stephen Lynch, congressista de Massachusetts, perguntou iradamente a Liddy se não "tinha vergonha na cara". Liddy respondeu que o estavam a ofender ao questioná-lo nesses termos. O parlamentar respondeu-lhe que a intenção era mesmo ofendê-lo, porque ele era o responsável por uma imensa ofensa ao património do povo americano.Chegou a altura de nos inspirarmos na vitalidade da prática secular de democracia na América e dizer que os relatores do inquérito ao BPN não tiveram vergonha na cara. E dizer mais: que a maneira brutal como as conclusões do relatório foram impostas, pela lei esmagadora dos números ainda que rejeitadas por toda a Oposição, constitui um claro alerta para os riscos que corre a democracia em Portugal. É um sinal gritante ao eleitorado para não repetir o erro cometido há quatro anos e passar, finalmente, a utilizar o voto como arma rectificadora de um sistema político imaturo e venal, como tem mostrado ser o português. É um aviso para os riscos desta maioria e um aviso para os riscos de maiorias destas. A Comissão Parlamentar sobre o BPN ouviu durante meses relatos de anos consecutivos de uma actuação predadora dos bens de depositantes que confiaram num sistema bancário regulado e garantido pelo Estado.Durante o inquérito, leram e ouviram descrições de como os politicamente poderosos obtiveram lucros espantosos em situações questionáveis. Dos juros de cento e muitos por cento que o professor Cavaco Silva e família receberam às empresas falidas compradas por Dias Loureiro por milhões que desapareciam das contas em vendas fantasma. A fiscalização deste mercado de loucos estava (está) entregue a um alto quadro socialista. O Partido Socialista concluiu agora, quatro meses e dois mil milhões de euros depois, que ao longo dos anos de saque o Banco de Portugal do antigo secretario-geral socialista tinha exercido a sua fiscalização de forma "estreita e contínua" (pags. 214 e 215 do Relatório Parlamentar ao BPN). Por absurdas que sejam estas conclusões, elas foram lavradas em documento da Assembleia da República, que é o que fica para a história como o relato dos representantes eleitos pelos portugueses da maior roubalheira de sempre na finança nacional. O relatório está feito. Por imoral que seja, vamos ter de viver com ele. Compete ao eleitorado garantir que para a próxima legislatura não haja condições para se repetir uma afronta destas.
Adeus ......

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.
Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.
terça-feira
Homenagem a Palma Inácio

Ordem da Liberdade para o último Herói Romântico de Portugal.
Foi na Estufa Fria, em Lisboa, que centenas de pessoas se reuniram para expressar a Palma Inácio a sua gratidão pela coragem com que enfrentou a Ditadura de Salazar. Nesse dia, 13 de Maio, o Presidente da República, pela mão de Manuel Alegre, atribuiu-lhe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
A vida de Hermínio da Palma Inácio, o "Velho" para os que o tratavam pelo seu nome de guerra, merecia certamente um filme, como sugeriu um seu companheiro de luta, Amândio Silva, na homenagem ao "último Herói Romântico de Portugal", numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Lisboa e do Museu República e Resistência.
"Figura lendária da luta pela liberdade", nas palavras de Manuel Alegre, Palma Inácio desafiou a PIDE durante três décadas, levando-a mesmo a cair nas suas próprias armadilhas, para desespero dos inspectores da ex-polícia política.
Hoje com 78 anos, militante socialista e deputado à Assembleia Municipal de Lisboa, Palma Inácio iniciou a luta antifascista com a sua adesão ao "Golpe dos Militares", em 10 de Abril de 1947, um movimento desencadeado pelo general Godinho e pelo almirante Cabeçadas e que contou com a participação de alguns civis, entre os quais João Soares, pai de Mário Soares.
Ao jovem revolucionário, então com 25 anos, coube a tarefa de sabotar os aviões da base aérea da Granja, Sintra, onde havia prestado serviço militar e cruzado os céus de Portugal, - ironia do destinos – muitas vezes na companhia do oficial da Força Aérea Humberto Delgado.
Esta acção acabou por lhe valer sete meses de clandestinidade, numa quinta em Odivelas, seguindo-se a sua detenção pela PIDE, conhecendo assim, pela primeira vez, as celas do Aljube. À espera do julgamento, Palma Inácio foi preparando a fuga. Na manhã de 16 de Maio de 1948, com quatro lençóis enrolados nas pernas, debaixo das calças, juntou-se aos outros reclusos, na fila para a casa de banho. Um breve momento de ausência do guarda permitiu-lhe lançar-se pela janela, numa altura de cerca de 15 metros do chão, caindo junto à sentinela da prisão, no exterior do edifício, que não teve tempo de reagir. Palma Inácio pôs-se em fuga, desaparecendo no meio da multidão. Com a PIDE de novo à sua procura, seguiu para Marrocos, de onde, após várias peripécias pelos mares, consegue chegar aos Estados Unidos .O "brevet" de piloto garantiu-lhe a sobrevivência, mas as autoridades acabam por o localizar, obrigando-o a abandonar o país. O destino foi o Rio de Janeiro, juntando-se assim a outros antifascistas que do exterior procuravam meios para acabar com o regime de Salazar em Portugal. Estava-se em 1956 e Palma Inácio contava 34 anos. Dois anos depois, a luta antifascista agitou-se com a candidatura do General Sem Medo às eleições presidenciais e o exílio deste no Brasil, a que pouco depois se junta também o capitão Henrique Galvão.
Palma Inácio, acompanhado de Camilo Mortágua, Amândio Silva, Maria Helena Vidal, João Martins e Francisco Vasconcelos, preparou então uma operação que haveria de acordar Lisboa de espanto - na manhã de 10 de Novembro, um avião da TAP, que partira de Casablanca, é desviado para sobrevoar Lisboa, onde são lançados cerca de 100 mil panfletos antifascistas. Os caças da Força Aérea não conseguem interceptar o avião, que regressa a Casablanca, para desespero do Regime.
De regresso ao Brasil, o grupo confrontou-se com a necessidade de procurar financiamento para as suas operações. Começou assim a preparação do mais espectacular golpe contra a Ditadura, o assalto à dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, concretizada em Maio de 1967 com Camilo Mortágua, António Barracosa, e Luís Benvindo. Foi a operação que mais feriu o regime de Salazar, não apenas pela operação em si, mas porque todos os pedidos de extradição solicitados pelas autoridades portuguesas às suas congéneres estrangeiras foram recusados, uma vez que os respectivos órgãos judiciais compreenderam que se tratara de uma operação de carácter político - uma realidade com que ainda hoje alguns (poucos) portugueses não se conformam.
Nesta altura, o movimento antifascista estava localizado em Paris, onde acaba por nascer a LUAR - Liga de Unidade e Acção Revolucionária, que reivindicou o assalto para como operação manifestamente política.
Na capital francesa, Palma Inácio planeou outro golpe, talvez mais arrojado que o anterior, mas que acabaria por fracassar: tomar a cidade da Covilhã. Deste vez, é detido pela PIDE, que acabará por sofrer uma das suas maiores humilhações. Palma Inácio concebeu a célebre fuga da prisão do Porto, serrando as grades da cela com lâminas que a sua irmã lhe fizera chegar, com a ajuda do informador da PIDE, de alcunha o "Canário", e o conhecimento dos inspectores Barbieri Cardoso e Sachetti, que se havia introduzido na LUAR.Ambos os inspectores sabiam da existência das lâminas mas nunca as conseguiram localizar, apesar das inúmeras revistas à cela.
Em Novembro de 1973, é de novo detido pela PIDE, depois de Ter entrado clandestinamente em Portugal para mais uma operação. Toda a raiva da polícia política contra Palma Inácio desabou sobre ele na primeira noite, em que foi barbaramente espancado.
Cinco meses depois, na sua cela, recebeu, em código morse feito pela buzina de um carro, nas imediações de Caxias, a primeira notícia de que um golpe militar está em curso. A Revolução estava na rua. No dia seguinte, a 26 de Abril, chegou a ordem de libertação dos presos políticos. Contudo, Palma Inácio foi o último a sair, pois alguns militares, que recusavam ver o assalto à Figueira da Foz como uma operação política, resistiram à sua libertação.
Quem conheceu este antifascista, de cachimbo sempre no canto da boca e casaco de xadrez, saberá o quanto estas linhas são poucas para espelhar a sua vida, em que à coragem juntou a lealdade e o seu humanismo, que lhe valem o título de "o último herói romântico de Portugal".

PS: Quando encontrares o José David no teu novo espaço de descanso, diz-lhe que o filho ainda se lembra da buzina, que certeira como um relógio suiço, dava as boas e as más notícias.
domingo
Urgentemente
"Urgentemente"
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
-
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
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É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos,as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
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Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
-
Eugénio de Andrade"