segunda-feira

O Dia do PAI

Hoje 19 de Março celebra-se o Dia do Pai, não sei se por tal pois para mim todos os dias me recordam o meu Pai, mas nunca me tinha acontecido tal, mesmo em períodos bastante dificeis como os de África, acordei triste, muito triste, as lagrimas teimosamente correm pela cara abaixo, não sei se será por este simbólico dia, ou por alguma coisa sentir falta, talvez mariquice, quem sabe.
Longos vão os tempos em que o Tio David preenchia a minha vida, nunca falamos muito, o tempo e os tempos não o permitiam.
Passei muito tempo sem ti, acho que só hoje dou valor aos teus abraços, tal como eu, nunca tiveste jeito para "putos", ou mais verdadeiramente sempre tiveste receio do primeiro passo.
Lembro-me dos teus cabelos brancos, maços de algodão como a tua Neta, hoje a Pipocas, lhe chamava, lembro-me da nossa última conversa nunca começada.
Eras forte à tua maneira, os teus ideais sempre te conduziram, sofreste a bem sofrer, tinhas como ideal a tua bandeira, a derrota do Salazarismo, verdade seja dita, foi-te dada a oportunidade e o orgulho de venceres essa batalha, conseguiste ver o 25 Abril dos Cravos, não conseguiste foi ver o 25 de Abril que sempre imaginaste.
E Eu hoje acordei assim, não perguntes pois não te sei responder, não consigo conter as lágrimas tal como tu em piores condições, Aljube, Peniche, Tarrafal, deram-te um endurance que jamais atingirei, e a verdade seja dita nunca esqueceste os teus, nem sempre com o tempo que por certo desejarias.
Os tempos hoje são mais faceis, mas a luta pelas ideias com que sempre lutaste, continuam de pé, a corrupção continua firme como uma rocha, os políticos de hoje pouco ou nada evoluiram, continuam no seu estado corrupto mais puro e ansiosos pelo poder, não ousam mexer nas mordomias adquiridas, o Povo essa grande massa anónima por quem lutaste, bem pode esperar, leva o seu tempo a acordar, e lembras-te como eu te dizia, "Pai o tempo leva sempre tanto tempo" e tu gracejando ainda que seriamente dizias "O Tempo vencerá".
Gostaria de ter sabido beber as tuas fraquezas e tornar-me um pouco mais forte, acho que o não consegui, talvez por isso esta incompreensível tristeza.
Uma coisa te prometo, tentarei ser o Pai que foste para mim, serio e honesto, um pouco choramigas é verdade, mas nem todos te podem ser como tu, será que alguma vez tiveste a alegria de chorar?

BOM DIA DO PAI, estejas onde estiveres, sei que continuaras a olhar pelos TEUS, e eu continuarei fiel ao que um dia me disseste, lembras-te? "Eu tomei a minha opção, tu tomarás a tua, quando parares para pensar" .

Obrigado Pai por teres existido.

sábado

Texto verídico

O gajo que não queria ir á tropa!

ExmoSr. Ministro da Defesa,

Venho deste modo explicar-lhe uma situação delicada que tem vindo a Ocorrer, de maneira a poder obter um eventual apoio vindo de VossaExa;
Tenho 24 anos, e fui esta semana chamado para ir à tropa. Sou casado com uma viúva de 44 anos, mãe de uma jovem de 25 anos, da qual sou padrasto dajovem em questão.
Neste momento, o meu pai passou a ser o meu genro, uma vez que se casou com a minha filha.
Deste modo, a minha filha, ou chamemos-lhe, enteada, passou a ser a minha madrasta, uma vez que é casada com o meu pai.
A minha esposa e eu tivemos, no mês passado, um filho. Esse filho tomou-se o irmão da mulher do meu pai, portanto o cunhado do meu pai. O que faz com que seja o meu tio, uma vez que é o irmão da minha madrasta.
O meu filho é, portanto, o meu tio...
A mulher do meu pai teve no Natal um rapaz, que é ao mesmo tempo o meu irmão, uma vez que ele é filho do meu pai, mas o meu neto por ser o filho da minha enteada, filha da minha esposa.
Desta maneira sou o irmão do meu neto! !...
E como o marido da mãe de; uma pessoa é o pai da mesma, verifiquei que sou o pai da minha esposa, e o irmão do meu filho.

Resumindo: sou o meu avô!!!

Deste modo, Sr Ministro, peço-lhe que estude pacientemente o meu Caso, porque a lei não permite que o pai, o filho, e o neto sejam chamados à tropa na mesma altura.Agradecendo antecipadamente a sua atenção,

mando-lhe os meu melhores cumprimentos.

quarta-feira

Crónicas para LER

A Esmo ...


Nestes tempos de crise de valores, quando o interesse pessoal é o objectivo, parece ser nítida a desorientação e a confusão dos espíritos e nos princípios. Dai que seja, nas recordações e no passado, que cada qual vai procurar a sua bóia salvadora. E basta que seja. Porém, passado é isso mesmo: passado. Não volta mais. Serve apenas para podermos corrigir rumos e alimentar as nostalgias a que nós chamamos saudade. Nada mais.Mas o que me parece mais inquietante é tudo isto acontecer no tempo em que há a informação que se quiser, quando se quiser e do modo que cada um desejar. Desde as notícias do transitório e das vaidades, até ao ensaio mais profundo, desde a globalização imediata das notícias, à narrativa histórica fundamentada, a informação e o conhecimento correm por todos os lados em valados a estourar! E é isso mesmo: corre. Livre e sem tapumes. Sem que seja minimamente aproveitada. Acabara como todas as coisas nas moléculas das gotas de água infinitas que enformam o mar.Vivem-se tempos de liberdade formal e substancial. O homem pode fazer o que quiser, dizer o que lhe dê na gana, ouvir ou não ouvir, aprender ou não aprender, cumprir ou não cumprir e, sobretudo dar opinião ainda que a mesma seja infundada ou até apressada como é o ritmo do tempo que estamos vivendo.Portanto, o alarido é intenso. Ensurdecedor. Falamos todos e ao mesmo tempo. Logo, ninguém quer saber o que diz aquele outro que na praça ou no deserto clama, informa ou insulta. Mas na cidade há quem seja ouvido. Pela repetição do que lhes interessa fazem verdades. Constroem paradigmas. Dizem quem é culto ou ignorante. Quem é fino ou grosso. Quem é moderno e quem mais não é que saudosista. Insultam e avacalham quantos se lhes opuserem. Calam e ignoram quantos queiram mudar o mundo. Mesmo que tenham razão, como escreveu, um dia, o Poeta.E vêm as comparações. Basta que se tenha sido honesto para que seja o paradigma.

Postado por Bernardino Louro

quinta-feira

DIA DA MULHER

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas por patrões e policias na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.

O QUE SE PRETENDE COM A CELEBRAÇÃO DESTE DIA
Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher de certa maneira hipócrita.

INFELIZMENTE ESTAMOS A ASSISTIR NO NOSSO PAÍS
Ao desenterrar dos mortos, à exaltação do período mais negro da nossa História e porquê? Porque as pessoas que hoje temv 45 anos de idade não viveram este período, não passaram por esta situação, o ensino, os nossos politicos, principalmente estes, em franca comunhão, têm branqueado o fachismo e toda a verdade sobre a Guerra Colonial, que infelizmente só serviu os militares de carreira.

É TEMPO DE SE DIZER BASTA
Não vale a pena esperar pelo D.Sebastião, ou por um Alberto João, se são precisas reformas para acautelar o futuro dos nossos filhos, que se façam, façam-se mesmo, não brinquem mais, não andem a zizaguear com politicas que não se entendem, respeitem-nos, queremos bons exemplos, não a continuação da hipocresia.

Homenagem à Mulher

Poemas para todas as mulheres

Vinicius de Moraes


No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
Melhor seria morrer ou ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos...
Correi, correi, ó lágrimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa à lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o [cântico dos cânticos
Que eu não posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!


Poema extraído do livro "Vinicius de Moraes — Poesia completa e Prosa", Editora Nova Aguillar — Rio de Janeiro, 1998, pág. 262
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Hoje é o Dia da Mulher

Dia da Mulher "Belissima"



Vídeo que homenageia a Mulher

terça-feira

Força de Viver

Para todos nós que em determinados momentos da vida deixamos de Lutar, porque julgamos ter perdido a Força de Viver, porque a nossa Garra se tinha esfumado, que a Luta que sempre permitiu ultrapassar as dificuldades da Vida se tinha perdido, vejam este pequeno video, pequeno de tamanho mas ENORME na sua mensagem, para todos os meus Amigos, aqui deixo os Votos para que a Garra, a Força e a Luta para poderem continuar a Viver, continue com mais pujança em cada dia das vossas vidas.


segunda-feira

Verdadeiramente Fabuloso


Aconselho a verem este espectáculo de um senhor chamado Jerome Murat.
Demora cerca de 8 minutos, é fundamental ver até ao fim!
É UM ESPECTÁCULO VERDADEIRAMENTE FABULOSO
A.David

sexta-feira

os primeiros passos no Mundo do Trabalho

Sempre que chegavam as férias da primária, aos meus pais colocavam-se algumas opções, relativamente à minha pessoa, ou ia para a Serra da Estrela, ou ia trabalhar para a oficina do Zé Bigodes, que se situava ao fundo da minha rua.
Claro que para mim a opção da Serra da Estrela era a preferida, ia para ao pé dos meus avós e os dias eram passados a dar pasto às ovelhas, a abrir e a tapar pequenos riachos, para que as terras pudessem receber água, claro que isto não era um emprego, era sim, umas ricas férias.

O que se podia já considerar um pequeno emprego, era ir trabalhar para a oficina do Zé Bigodes, e ai sim, entrava às 7:30 da manhã e tinha como principal função varrer e limpar a oficina, pois quando o pessoal chegava os “carolos” eram abundantes se encontravam as suas bancadas sujas de limalhas ou de outras substâncias mais oleosas.

Esta espécie de ocupação de tempos livres, que se veio a afirmar como o meu primeiro emprego após ter concluído a 4ª classe, era uma dor de cabeça para a minha pobre mãe, ver o seu querido filho chegar a casa todo oleado era uma dor de cabeça, podem crer. Ela que sempre tinha aspirado em ver o seu filho de fato e gravata a caminho do trabalho.

Eu não achava muita graça à oficina do Zé Bigodes, não me esqueço dos «carolos» que levava, do limpa aqui, limpa acolá, sempre todo borrado, lembro-me perfeitamente que passava o dia a fazer roscas em longos tubos de ferro que acabavam em parafusos.

Bem como já era espigadote, cerca de onze anos, farto de varrer a oficina, deparei-me ao passear por Benfica numa loja que ainda hoje existe no mesmo local com o nome de «SISSI», lá estava uma tábua de salvação, admitiam um empregado, esta loja tinha um ar asseado, impressionava olhar o seu interior, era quase tudo artigos de loiça, grandes quadros, e se bem lembro vendia a preços elevados, metia um pouco de respeito.

Bem lá falei com o patrão, não me recordo já o seu nome, era um homem seco e alto, com pronuncia do norte, na altura deveria rondar os dez a onze anos, aceitaram-me, bem foi o início do inferno, vendia-se na altura muitos serviços de loiça completos e o bom do David, lá tinha que levar enormes cestas às costas com serviços completos que as Clientes compravam, de vez em quando lá vinha uma moedinha, que servia que nem ginga para compor a caderneta dos bonecos da bola, moda na altura.

À hora do almoço, nas traseiras, ainda que interiores fazia bons treinos com um outro colega da loja, um pouco mais velho, jogavamos com uma bola de trapo e eu voava no meio dos fardos de palha, a lembrar os famosos guarda redes da altura, era um fartote, os fardos de palha que serviam de amortecimento para as nossas loucuras, voavam por tudo que era sitio.

Um dia o meu patrão encostou uma enorme escada a uma das prateleiras, acho que ainda hoje sei o lugar exacto, ficava no fundo da loja, e mandou-me pregar um prego mesmo no alto, para suster um enorme quadro, não é que deixei cair o martelo, só visto, ainda recordo a imagem, por onde o martelo passava, era uma desgraça, eram só cacos.
O Patrão pregou-me um bom raspanete, mas que me lembre não passou disso, o pior foi quando chegou o final do mês, deduziu-me no magro ordenado os estragos que ocasionalmente tinha feito, quase não recebi ordenado, resmunguei, só que quando sai a porta já a tinha fisgada, nunca mais colocava lá as patas, ainda me lembro do raspanete que levei em casa.

Com os doze anos a chegar e através de um amigo da Venda Nova, o Mário, fui fazer uma entrevista a uma casa no Campo Pequeno a «Sonio Rádio», Era uma casa de reparações de rádios e material eléctrico, assim como colocava na altura antenas de televisão nos telhados, das chamadas Avenidas Novas, eram baixinhos como um raio,para mim era bom, pois na altura tinha a mania que tinha jeito para engenhocas.
Lá fui aprendendo umas coisas, e já me desenrascava, jamais me esqueci trabalhava nessa casa como simples empregado um rapaz já homem de nome Cristovão, várias vezes fui com ele colocar antenas nos telhados da zona, ouvia sempre a mesma cantiga, "os velhos nunca mais morrem" julgo que eram uns tios que tinha no Brasil, hoje não sei se ainda é vivo, uma coisa sei, os tais velhos morreram e ele herdou uma bela herança, hoje é uma das maiores fortunas de Lisboa, dono de diversos empreendimentos turísticos. Encontramo-nos anos mais tarde no Restaurante Panorâmico do Monsanto, não me conheceu, é normal.

A coisa ia bem, chegava a casa limpinho e com algum dinheiro no bolso,Um dia a patroa, escolheu-me para fazer além do auxilio que dava ao pessoal técnico, serviços auxiliares de escritório, estragou tudo, quase todos os dias levava imensas cartas para colocar no correio e tal como hoje, tenho uma raiva de morte a cartas, basta olhar para a minha secretária, chego a levar meses para abrir uma, resultado, esquecia-me de as colocar no correio, e estão mesmo a ver para onde elas iam...... isso mesmo iam parar ao lixo. Não deu, a coisa descobriu-se, levei um forte raspanete e fui despedido. Estava eu perto de fazer os meus treze anos, como o conto já vai extenso, prometo contar as histórias passadas nos Laboratórios Vitória emprego que veio a seguir, e no qual estive dez anos.

Música da Semana