quinta-feira

Batalha de La Lys, 1918

Faz hoje 89 anos sobre o maior desastre militar português desde Alcácer-Quibir (1578).
Após a Revolução de 1917, a nova Rússia soviética assinou o Tratado de Brest-Litovsk com Alemanha, Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia (3 de Março de 1918).
Esse tratado permitiu que o exército alemão conseguisse transferir várias divisões para a Frente Ocidental. Depois da entrada dos Estados Unidos na Guerra, a Alemanha lutava contra o tempo. Ou conseguia um armísticio através de uma vitória militar indiscutível e rápida (conquistando Paris), ou faria face a uma derrota humilhante.
Do nosso lado, o CEP - Corpo Expedicionário Português - deparava-se com dificuldades extremas.
da Revolução de Dezembro de 1917 (Sidónio Pais), agravaram-se mais ainda as condições em que os soldados viviam - sem rendição, sem uniformes, praticamente sem comida.

Major Sidónio Pais
O sector guarnecido pelos Portugueses era talvez o pior da zona, em termos de salubridade. Humidade, lama e ratazanas conviviam com soldados famintos, que se sentiam abandonados pelos seus oficiais e pelo seu País.
Dos 20.000 soldados que compunham o CEP, cerca de 15.000 encontravam-se nas linhas da Frente, comandados pelo General Gomes da Costa. No dia 8 de Abril de 1918, as tropas finalmente ouviram a notícia pela qual tanto ansiavam - no dia seguinte iriam ser transferidas para as linhas da rectaguarda.

Generais Tamagnini, Hacking e Gomes da Costa

Na madrugada do dia 9 de Abril, uma ofensiva decidida por Erich von Lüdendorff levou 50.000 alemães sobre as trincheiras portuguesas, com efeitos desastrosos - 7.500 baixas do lado português!

Erich von Lüdendorff
O romance "A Filha do Capitão", de José Rodrigues dos Santos, permite entender em que condições as tropas portuguesas (sobre)viviam nas trincheiras. É um livro importante para quem tem interesse por esta época, pela I Guerra Mundial e pela participação portuguesa.
Rodrigues dos Santos fez (como faz sempre, aliás!) um apuradíssimo trabalho de investigação para nos dar um retrato fiel dos primeiros anos do século XX, das sociedades portuguesa e francesa e do horror da guerra.

HOMENAGEM ao meu rico PAI, ferido nesta batalha.

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O Ovo de Páscoa


O Ovo de Páscoa: um delicioso símbolo de renascimento para os católicos

Uma delícia tentadora, o Ovo de Páscoa chegou até nós advindo de tradições milenares, que estavam fortemente arraigadas nas comunidades primitivas humanas de base agrícola.

Os chineses e os persas, assim como os romanos e algumas tribos germânicas, consideravam o ovo um símbolo de vida e do renascimento de cada primavera após a noite invernal, razão pela qual o adotaram como objeto de culto e de veneração.

A movimentação dos astros, principalmente o Sol, assim como o ciclo das estações, eram de importância vital para as civilizações antigas baseadas na agricultura, o que explica a presença deste símbolo universal em diversas festividades anuais, especialmente nas ligadas à primavera.
Vários povos, como os chineses, os persas e os gauleses, pintavam ovos de diversas aves com cores vivas para evocar o sol da primavera, que aparece nesta época do ano no hemisfério norte, e que para os antigos representava um retorno à vida.

O ovo como símbolo de renascimento também estava presente nas antigas cerimônias da Pesach, a Páscoa judaica, quando se celebra o momento em que o anjo exterminador passou por sobre as moradias dos judeus escravizados no Egito, cujas portas haviam sido marcadas por ordem de Jeová para que escapassem do castigo divino contra os egípcios.

Este rito hebraico foi absorvido pelo cristianismo, religião na qual a tragédia litúrgica da crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo se entrelaça também com rituais pagãos ligados à fertilidade e à idéia de ressurreição.

Em muitos destes ritos arcaicos, aparecia o símbolo milenar do ovo, arquétipo que, desde o alvorecer da humanidade, leva consigo a magia e o mistério do ressurgir periódico da vida.
Na Alta Idade Média, os cristãos adotaram o ovo como símbolo para festejar a ressurreição de Jesus Cristo na Páscoa de cada primavera boreal (hemisfério norte), depois dos sacrifícios que os fiéis se impõem durante a Quaresma.

Ovos de Páscoa feitos de chocolate, muito semelhantes aos que conhecemos hoje, surgiram inicialmente nos Estados Unidos no final do século XIX, e a partir daí se espalharam pelo mundo como um produto industrial, junto com a lenda do "Coelho da Páscoa", segundo a qual um coelho esteve preso com Jesus no Santo Sepulcro, tendo presenciado a sua ressurreição.
Ao sair dali, o animal teria sido o mensageiro da boa nova, e distribuiu entre os primeiros cristãos ovos pintados com cores vivas, que representavam a magia do renascimento, do retorno à vida.
Embora esta história, provavelmente medieval, não pareça estar ligada a nenhuma tradição cristã, cabe lembrar que o coelho era para os antigos, assim como o ovo, um símbolo de fertilidade e vida.

A partir do século XX, o Ovo de Páscoa adotou definitivamente o chocolate como matéria-prima e rapidamente de tornou um objeto de consumo que movimenta milhões de dólares, mas cuja origem mais remota poucas pessoas conhecem.

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