quinta-feira

Sol de Mendigo



SOL DO MENDIGO
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Olhai o vagabundo que nada teme
leva o Sol na algibeira
quando a noite
vem pendura o Sol na beira de um valado
e dorme toda a noite à soalheira
pela manhã acorda tonto de luz
vai ao povoado e grita
quem me roubou o Sol
que vai tão alto
e uns senhores muito sério rosnam
que grande bebedeira!!!
E só à noite se cala o pobre
Atira-se para um lado e dorme

Antes que seja tarde .......

Antes que Seja Tarde
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Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
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Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"