quarta-feira

Um Presidente de alguns Portugueses !!!

Ontem, Cavaco Silva esclareceu, finalmente, o caso das escutas. O Presidente da República afirmou que "não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante". Cavaco acrescentou ainda que "só o Presidente da República fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou Militar". Ou seja, o Presidente - foi ele quem o deixou claro - nunca suspeitou da existência de escutas ou espionagem promovida pelo Governo na sua Casa Civil.
A comunicação de Cavaco Silva peca por tardia. O Presidente devia ter falado logo que a primeira notícia, que citava fontes da Presidência, foi publicada a 18 de Agosto. Com o seu silêncio contribuiu ele próprio para "desviar as atenções das questões que realmente preocupavam os cidadãos".
Mas o Presidente não se ficou pelo esclarecimento. Ontem, fez uma declaração de guerra ao "partido do Governo", e assinou a certidão de óbito da "cooperação estratégica" entre Belém e São Bento.
Dois dias depois das eleições legislativas, e em que os resultados ditaram a eleição de um governo minoritário, e com uma conjuntura económica difícil, o Presidente da República deveria assumir-se como um referencial de estabilidade. Mas, com o ataque que ontem dirigiu ao Governo, tornou-se, afinal, num factor de instabilidade.

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